A chacina ocorrida em Itaboraí, no último domingo, onde foram baleadas sete pessoas – cinco morreram, durante uma partida de futebol na parte da tarde, na Rua José Leandro, no bairro Retiro São Joaquim, mostra que esse foi um ano muito violento na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O Instituto Fogo Cruzado mapeou 61 chacinas, com 250 mortes, na área em 2021.
Em novembro, nos dias 20 e 21, houve a chacina no Salgueiro, no município de São Gonçalo, quando nove pessoas foram mortas. No mês passado, o Fogo Cruzado contabilizou 17 mortes. Em novembro ocorreram mais duas chacinas, a maioria durante operações policiais.
“O que aconteceu no Complexo do Salgueiro não é uma exceção”, indica Maria Isabel Couto, diretora de programas do Fogo Cruzado. Para ela, esses números expressam a urgência da retomada do julgamento dos embargos da ADPF das Favelas, no Supremo Tribunal Federal (STF) que definirá limites a serem impostos nas ações policiais a fim de evitar alta letalidade decorrente de falta de planejamento. “É imprescindível que os ministros do STF se posicionem e estabeleçam mudanças nos padrões de atuação das polícias, adotando a vida como prioridade máxima”, completa Maria Isabel Couto.
A ADPF 635 entrou em vigência no dia 5 de junho de 2020, em plena pandemia do novo coronavírus, restringindo operações policiais não urgentes e não planejadas nas favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia. Desde então, 254 pessoas foram mortas nessas intervenções, número é 18% abaixo em relação ao período de um ano e cinco meses antes da decisão do STF.
Queda no número de tiroteios
Em novembro, a ONG mapeou 262 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Comparado ao mesmo período de 2020, que teve 301 registros, houve queda de 13% nos tiroteios. A participação de policiais nos tiroteios foram de 99 em novembro e 99 no mesmo período no ano passado. O número de baleados subiu 8%. Pelo menos, 146 pessoas foram baleadas em novembro, com 79 mortes e 67 feridos. No mesmo período do ano passado foram 135 vítimas: 64 mortas e 71 feridas.
Em outubro houve 338 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana, deixando 173 baleados, sendo 83 mortos e 90 feridos. Novembro registrou queda de 22% nos tiroteios, de 5% nos mortos e de 26% nos feridos.
Acumulado no ano
Entre janeiro e novembro, o Instituto Fogo Cruzado mapeou 4.386 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, dos quais, 1.408 deles contaram com a participação de agentes de segurança. Ao todo, 1.943 pessoas foram baleadas (1.006 mortas e 937 feridas). Em comparação com o mesmo período de 2020, quando houve 4.279 tiroteios (sendo 853 deles com a participação de agentes de segurança) e 1.617 baleados (sendo 844 mortos e 773 feridos), houve aumento de 2% nos tiroteios, de 19% nos mortos e de 21% nos feridos. Os tiroteios com presença de agentes de segurança tiveram o maior aumento, foram 65% de registros a mais.