Uma decisão tomada em comum acordo entre os governos Temer e Bolsonaro neste período de transição não agradou a ambientalistas aqui e em boa parte do mundo. É que o Brasil desistiu de sediar a Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas. A COP- 25 está marcada para novembro do ano que vem.
A exemplo do que já havia acontecido na ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, sediar a COP-25 colocaria o Brasil em evidência como um dos protagonistas na conturbada pauta mundial do meio ambiente. O assunto tem enorme relevância entre os maiores países do mundo e exerce grande influência na economia global. Mas para o presidente eleito, Jair Bolsonaro, o Brasil teria mais a perder do que a ganhar, sediando a COP-25.
"Eu recomendei para o nosso futuro ministro que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil. Até porque, eu peço que vocês nos ajudem. Está em jogo o Triplo A neste acordo, além dos custos, que seriam, ao meu entender, bastante exagerados, tendo em vista o déficit que nós já temos no momento", argumentou o presidente eleito, em entrevista coletiva.
O que é Triplo A?
Trata-se da proposta de criação de um corredor ecológico, que iria dos Andes ao Atlântico, passando pela Amazônia brasileira. A área tem uma extensão de 136 milhões de hectares, batizada de Triplo A exatamente porque o corredor seria atlântico, amazônico e andino. A ideia da criação do corredor é do governo da Colômbia. Para Bolsonaro, a faixa de preservação ambiental faria com que o Brasil perdesse a soberania no trecho amazônico que compõe o corredor ecológico proposto.
Acordo de Paris
Além de declarar que não pretende mais sediar a COP-25, Bolsonaro já havia sinalizado a intenção de retirar o Brasil do Acordo de Paris. O tratado desenvolvido pela ONU reúne 195 países que se comprometeram em promover ações ambientais que ajudem a frear o aquecimento global.
No último dia 20, o presidente francês, Emmanuel Macron, fez críticas aos países que ameaçam deixar o acordo. Além do Brasil, os Estados Unidos também ameaça o rompimento com a pauta. Num discurso mais brando, Bolsonaro recuou e chegou a dizer que o Brasil não deixará o Acordo de Paris, mas a permanência implicará em algumas condições.
"Sujeitar automaticamente nosso território, leis e soberania a colocações de outras nações está fora de cogitação. É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderemos os interesses do Brasil e dos brasileiros", declarou o presidente eleito em sua conta no Twitter.