A Roda de Samba Orin Ibukun acontece no próximo feriado, dia 12 de outubro, a partir das 14h, no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), localizado na Gamboa, região batizada de Pequena África. O evento que numa tradução literal do yorubá para o português significa ‘Canção abençoada’ terá periodicidade mensal e entrada a preço popular de R$ 15. O projeto tem a produção e apresentação assinada pelo professor/escritor e ativista cultural Jonathan Raymundo e foi batizado simplesmente pelo premiado escritor e compositor, além de intérprete de música popular, o sambista raiz, Nei Lopes. Em suma, um evento de bambas!
O projeto reúne grandes nomes da música brasileira em um grande movimento de Sankofa, que significa a busca ou retorno pelos conhecimentos ancestrais em prol de um melhor futuro, são eles: Carlinhos 7 Cordas, Márcio Vanderlei, Marcelinho Moreira, Nenê Brown e Jorge André. Músicos que trazem na carreira experiências com grandes nomes do samba: Zeca Pagodinho, Candeia, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Fundo de Quintal, Luiz Carlos e Martinho da Vila, Beto sem Braço e as divas deste grande movimento da música nacional, Beth Carvalho e Dona Ivone Lara.
O repertório da roda Orin Ibukun parte da tríade do samba Donga, Pixinguinha e João da Baiana, no entanto, bebi das fontes clássicas do samba já mencionadas. O samba, esse negro forte e destemido, que como o cantou Nelson Sargento, pede licença para tecer junto a outras manifestações culturais, a necessidade de se aquilombar.
Acerca do público esperado, Raymundo afirma que o evento certamente é algo que agrada a todos públicos sem restrições, afinal, o samba em sua visão é uma experiência atrelada à cura, amor e fé". Ele crê que:
- O projeto é para o público em geral. Acreditamos que o samba para além de um estímulo musical ele propõe um modelo ético, de comportamento, de convivência, de experimentação comunitária. O samba é para todo mundo!
Idealizador e padrinho da Roda de Samba
Jonathan Raymundo dedica-se, assim como Nei Lopes, ao estudo e valorização da cultura negra no Brasil e ambos têm raízes periféricas, sendo oriundos dos bairros de Realengo e Irajá respectivamente. Raymundo é autor do livro "Pretagonismos", uma coletânia com 27 textos de intelectuais negros de diversas áreas do saber/fazer, ao lado do ex-BBB também professor e escritor Rodrigo França. Além de ter lançado-se recentemente como autor teatral com a peça "E vocês, quem são?", que fez uma breve temporada na cidade do Rio, no Espaço Cultural Sérgio Porto, após passar por Salvador e São Paulo.
Já Nei Lopes registra o seu nome nos anais da história do país como um grande entusiasta e pesquisador da cultura negra africana em diáspora no Brasil. Sua contribuição perpassa pela literatura com a criação do famoso Novo Dicionário Banto do Brasil (1999), além de mais outros 43 livros acerca de contos, crônicas e poesias e ficção publicados. Na música, somam-se dez discos autorais em seus 80 anos de vida. Sua trajetória dedicada à memória da cultura negra é recheada de grandes parcerias musicais, presentes que saúdam o público com muita qualidade fonográfica. O também advogado foi agraciado com o título de doutor honoris causa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em março último, por seus feitos!