O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), denunciou o miliciano Luís Antônio da Silva Braga, vulgo Zinho, chefe do grupo criminoso conhecido como "Bonde do Z" ou "Família Braga", e outros 22 integrantes do grupo paramilitar. De acordo com o GAECO, para garantir a existência e a estabilidade da milícia, seus integrantes cometiam uma série de crimes graves, como extorsão, receptação, corrupção ativa e até homicídios. Ainda foram denunciados diversos milicianos, e alguns de seus familiares, pela prática do crime de lavagem de dinheiro. A denúncia foi recebida pela 1º Vara Especializada da Capital.
De acordo com a denúncia, os cargos de liderança do grupo são ocupados por Zinho, Rodrigo dos Santos (Latrell), Geovane da Silva Mota, vulgo “GG”, que assumiu a posição de Latrell após a prisão deste, Matheus Rezende (sobrinho de Zinho), Alan Ribeiro Soares (conhecido como Malvadão, Nanan ou Nanã), Domício Barbosa de Sousa (o Dom ou Professor), e Vitor Eduardo Cordeiro Duarte, vulgo Pardal ou Tabinha. O segundo escalão do grupo criminoso é formado pelas lideranças locais da milícia em bairros da Zona Oeste da capital fluminense e, o terceiro escalão, por assessores, soldados e informantes da organização criminosa.
Dentre os crimes cometidos pelo grupo, verificou-se, também, a lavagem de dinheiro da organização criminosa por parte da mãe de Latrell, a também denunciada Josefa Lucia dos Santos. De acordo com as investigações, o miliciano utilizou a conta bancária de sua mãe para ocultar cerca de quatro milhões de reais, obtidos com o lucro ilícito angariado com as atividades da milícia. “Foi possível aferir que a denunciada movimentou, entre 11/11/2021 e 14/02/2022, um total de R$ 4.083.076,00, sendo R$ 2.042.824,00 a título de crédito e R$ 2.040.252,00 a título de débito. Tais depósitos foram feitos através de 42 lançamentos, sendo sete transferências entre contas de mesma titularidade, no valor de R$ 826.431,00. Em pesquisas realizadas nos bancos de dados disponíveis, os investigadores aferiram que Josefa está registrada na empresa Gilsan Comercio Atacadista e Varejista de Variedades Eireli, com um salário base de R$ 1.327,88”, destaca a denúncia.
Além disso, as investigações demonstraram que Zinho determinou que seus subordinados, de forma rotineira e reiterada, corrompessem agentes das Forças de Segurança do Estado, oferecendo-lhes ou prometendo-lhes vantagens indevidas, para determiná-los a praticar, omitir ou retardar atos de ofício. “No interior da residência de Tabinha foi encontrado um pedaço de papel com os nomes de guerra de três policiais militares, suas respectivas patentes e supostas lotações, para conseguirem remoção para o 27º BPM (Santa Cruz)”, diz outro trecho da denúncia.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro