A atitude era uma promessa de campanha e, na última segunda-feira (21), o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, resolveu cumpri-la. Na companhia da esposa, Helena Witzel, e do vice-governador do Estado, Claudio Castro, o mandatário procurou o Hospital Universitário Pedro Ernesto para se submeter a uma consulta com cardiologista, seguida de uma bateria de exames. O vice-governador também foi submetido aos mesmos procedimentos.
"Ele se saiu muito bem nos exames. Está plenamente apto a realizar suas funções. Aliás, o teste de esforço foi muito bom, o governador tem o comportamento de um atleta", diagnosticou o médico Denilson Campos de Albuquerque, chefe dos serviços de cardiologia do Hospital Pedro Ernesto, ao analisar os exames do Governador.
Nas redes sociais, o tratamento dispensado ao governador gerou enorme polêmica. Teve gente que atribuiu o fato a um gesto de humildade de Witzel. Outros, no entanto, acham que o governador do Estado abusou do cargo para obter privilégios, considerando que um paciente comum não teria a mesma facilidade para se submeter a tais procedimentos médicos em uma unidade de saúde pública do Estado.
Nossa reportagem pediu esclarecimentos ao Governo, que nos respondeu através do secretário estadual de saúde, Edmar Santos, por meio de nota.
"Após detectar uma elevação de pressão arterial no governador Wilson Witzel, sugeriu ( foi sugerida) uma análise mais detalhada do caso. Diante disso, o secretário pediu ao chefe de Cardiologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto que disponibilizasse uma data para o exame, não causando prejuízo na agenda regular de exames do setor. Todo o atendimento regulado para o Hospital Universitário Pedro Ernesto foi realizado normalmente. O atendimento ao governador foi extra ao atendimento de rotina realizado via escala do Sisreg, exatamente para não atrapalhar o atendimento ao público", esclareceu o secretário de saúde.
Wilson Witzel permaneceu nas dependências do Hospital Universitário Pedro Ernesto por cerca de duas horas. Na unidade, o governador passou por consulta médica e exames de eletrocardiograma e ecocardiograma, além de teste ergométrico e ultrassom de abdômen.
Para atender Witzel, a direção do Pedro Ernesto chamou médicos que estavam de folga, exatamente para não comprometer o funcionamento do hospital. A estratégia, no entanto, acabou incitando mais críticas entre os que identificaram privilégios no tratamento dispensado ao governador. Em defesa do mandatário, foi citado o decreto 46.431/2018, cujo texto apresenta justificativas a esses supostos privilégios. Porém, mesmo diante de tantos esclarecimentos, parte da população fluminense usou as redes sociais para perguntar ao governador: "O senhor estava na fila do Sisreg?