Mães e pais de crianças com necessidades educacionais especiais de Nilópolis, na Baixada Fluminense, denunciam que desde o início do ano letivo, no dia 6 de fevereiro, não há mediadores em sala de aula, o que está prejudicando o desempenho dos alunos. Bruna Tostes, 26 anos, moradora no Centro do município, é mãe do menino autista Marcelo Tostes, de seis anos, que está no primeiro ano do ensino fundamental. Ele estuda na Escola Municipal Jorge Deocleciano de Oliveira, onde há 11 crianças precisando de mediadores. Em toda a rede de ensino, são cerca de 50 estudantes com deficiências.
Segundo Bruna Tostes, muitos pais de crianças PCD já entraram em contato com a prefeitura e com a Secretaria Municipal de Educação e também com vereadores, mas não há previsão para a solução do problema. “As crianças necessitam da mediação para facilitar o aprendizado. Elas estão sem orientação. Inclusive, existem alguns que são autistas não verbais. Isso significa que a situação requer mais atenção, mas ninguém do governo apresenta uma posição para nós. Ninguém fala nada. O posicionamento que nós temos é que não existe previsão para a solução do problema”, conta Bruna Tostes, sem conseguir esconder a decepção.
Bruna Tostes conta que a superintendente de ensino, Aline Machado, entrou em contato no dia três de abril, em nome da secretária de Educação, Flávia Duarte, marcando uma reunião de urgência. “Ela queria ouvir as mães. Como não pudemos comparecer no dia que ela queria, ou seja, antes da manifestação, que estava marcada para o dia cinco, nunca mais entraram em contato conosco novamente. Prometeram na ata do SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) a contratação de mais mediadores, mas até agora continuamos na mesma, sem mediadores”, explica Bruna.
De acordo com informações não oficiais, a prefeitura alega que o Ministério Público está dificultando a contratação dos mediadores. "O que sabemos é que ocorreu uma reunião no dia 12 de abril com a secretaria de Educação e o Ministério Público, porém nada foi resolvido. Quando usamos as redes sociais da prefeitura para cobrar respostas, somos bloqueadas”, afirma Bruna Tostes. A situação só ganha dramaticidade, porque não há nenhum mediador no município.
“Inclusive, alegaram para nós que nunca houve de fato mediador. Ano passado não eram mediadores e sim auxiliares que eles colocaram pra fazer o papel de mediadores. O descaso e a impunidade são gritantes. A vice-prefeita, Flávia Duarte, que é secretária de Educação, usa o Instagram para postar uma educação que não existe. Não há mediadores e também não tem uniforme para as crianças e nem mesmo material escolar”, dispara Bruna.
Bruna conta que existem pais que estão dentro de sala de aula com seus filhos, porque não há mediador. “Alunos não estão indo para a escola, pois não há mediador. Meu filho ficou uma semana inteira sem assistir aula por conta da falta de mediador. Além disso tudo, a turma dele estava dividindo a sala com uma outra turma. Ele passa mal três vezes na semana na escola. Recebo ligação para buscá-lo. Ele fala na frente dos profissionais da escola que essa dor que ele sente é porque fica incomodado com o barulho dentro de sala de aula. Ninguém dá atenção ou ajuda o meu filho”, conclui Bruna.
OBS: Até o fechamento da reportagem, não recebemos resposta da secretaria municipal de Educação e também da superintendência de Educação de Nilópolis.