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Investigação revela esquema de corrupção envolvendo PMs do Bope

Relação era com traficantes que atuavam no bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.

Por Mario Hugo Monken em 12/09/2019 às 15:16:09

Leonardo Barbosa da Silva, o Léo do Aço, revelou que os PMs do Bope recebiam propinas entre R$ 50.000 e R$ 70.000 por semana. Foto: Reprodução

Processo na Justiça que condenou o policial militar Rodrigo Mileipe Vermelho Reis a 29 anos de prisão, pelo crime de corrupção passiva, revela como foi a investigação que descobriu um esquema de corrupção envolvendo PMs do Batalhão de Operações Especiais Especiais (Bope) com traficantes que atuavam no bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.

O depoimento de um dos bandidos, Leonardo Barbosa da Silva, o Léo do Aço, que foi morto este ano, e que era líder do tráfico nas comunidades do Antares e Rola, revelou que os PMs do Bope recebiam propinas entre R$ 50.000 e R$ 70.000 por semana.

O traficante chegou a dizer obrigava os policiais a darem “bom dia e boa noite” aos comparsas e pedirem desculpas quando deixavam de avisar previamente sobre as operações nas comunidades.

Um comandante do Bope na época em que ocorreu os fatos (ano de 2015) explicou que teve sua atenção despertada para as diversas ações frustradas. Nas incursões em áreas deflagradas, não encontravam nenhum ato ilícito ou resistência de criminosos em regiões sabidamente dominadas pelo tráfico de drogas. Pareciam verdadeiros “santuários”.

Foi, então, organizada uma força tarefa para apurar eventual “vazamento” das operações. Ele falou quando “vazaram”, exclusivamente, a um policial a suposta operação que ocorreria em Rola e Antares. Minutos depois, os traficantes de Antares foram avisados.

O oficial responsável pelo inquérito policial militar que apurava os vazamentos de operações por parte de PMs do Bope explicou que o trabalho de monitoramento se dividiu em quatro partes: , a fim de que se identificasse quem eram “Preto 1”, “Preto 2”, “Preto 3”, “Preto 4” e “Corinthians” – codinomes dos responsáveis por vazar as informações, por meio de mensagens de textos, para os traficantes.

Com Corinthians, por exemplo, foi arrecadada uma lista de telefones com os números utilizados pelos traficantes monitorados pelas interceptações. O mesmo policial suspeito soube de uma incursão que aconteceria e, em seguida, constatou-se, por meio da interceptação, que ele alertou traficantes da operação.

O oficial recordou-se do episódio em que um criminoso foi preso na posse de um telefone com o contato de “Preto 4”. Indagado, este suspeito confirmou que havia o esquema de propina para que os traficantes fossem avisados das operações. O bandido garantiu que um dos policiais era responsável por recolher o pagamento e identificou a foto do acusado.

Um delegado que participou das investigações contou que em uma oitiva do traficante, conhecido como Macarrão, o bandido contou que Corinthians e Rodrigo eram os policiais responsáveis pela arrecadação dos valores pagos pelos traficantes em troca de informações sobre as incursões a serem realizadas. Ele afirmou que houve uma ação de contra-inteligência executada em que “vazaram”, como “isca”, para Corinthians, uma informação falsa – incursão na Favela de Antares. Poucos minutos depois, ele passou mensagem, aos traficantes da localidade, sobre a operação.

Macarrão ainda acusou o policial Rodrigo de ser responsável por recolher o dinheiro na Favela do “Juramentinho, na Zona Norte do Rio. O mesmo suspeito afirmou que, após ser preso, sua família foi ameaçada por policiais do Bope. O “Caveirão” esteve em sua casa, por duas vezes, e os PMs deixaram recado, informando que, se o depoente reconhecesse alguém em Juízo, iriam matar ele e os parentes.

Outros quatro policiais foram condenados. Três deles tiveram imposta a pena total de 48 anos de reclusão, enquanto que para Corinthians, a punição foi de 80 (oitenta) anos de reclusão, sendo determinado o regime prisional inicial fechado. Ele foi acusado também de vender o fuzil de um traficante.

Na casa de Rodrigo, foram encontrados mais de R$ 66.000,00 em espécie, escondidos embaixo de um colchão. Na residência de outro policial envolvido, foi arrecadada a quantia de R$ 10.000,00 em espécie. As notas apreendidas apresentavam odor de maconha, o que reforça a suspeita de o dinheiro veio do tráfico.

A suspeita de propina também ocorreria em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Uma interceptação telefônica flagrou um dos policiais falando com um traficante sobre o pagamento semanal de R$ 5 mil a R$ 10 mil: " Se liga Mn... Lá são duas comunidades correto? “Lixão” e “Vila””- Isso, 5 mil. 10 por semana. Houve indícios também de que a propina era paga também por traficantes do Complexo do Chapadão, em Costa Barros, na Zona Norte.


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