Zico nunca foi meio-termo. Era jogador na completude. Homem que veio do pó e lapidado pela bola transformou-se em carne e osso que deu forma ao atleta que foi".
Arthur Antunes Coimbra é o nome que consta na identidade, mas Zico foi cartão de apresentação mundo afora.
Camisa 10 de infinitos recursos, o rubro-negro foi um ponta de lança que todo time sonhava ter.
Era arco e flecha nos gols e jogadas. Depois virou flecha nos lançamentos que resultavam em bola nas redes e, por fim, já sem armas para caçar as vitórias, foi presença admirada dentro de campo. A presença dele era o ar que transformava a atmosfera. Bastava.
Quis o destino que o último jogo como profissional fosse um Fla-Flu. Longe do Maracanã, o Estádio Municipal, em Juiz de Fora, nas Minas Gerais, território inóspito para pés que conheciam cada palmo daquele chão esverdeado.
De um lado, Zico, o aluno. Do outro, Telê, o mestre. Aluno e professor travaram um duelo que acabou vencido por quem mais aprendeu e não por quem mais ensinou. Coisas da bola. Igual em 1982, na Espanha, quando professor e aluno estudaram a lição para tirar dez, mas encontraram um diretor impiedoso vestido de azul e com o número 20 às costas pelo caminho chamado Paolo.
Paolo Rossi não aprovou o método de ensino dos dois na lição futebol encantador. Sonho desfeito que deixou milhões de brasileiros aturdidos sem dormir até hoje. Inclusive eu.
Mas a vida seguiu. Zico foi Gigante com G maiúsculo. Telê não ficou atrás. O reconhecimento veio em forma de um título não conquistado de Copa do Mundo pelos dois. Maior vitória da dupla.
Entretanto, Zico completou 71 anos no dia 3 de março. Zicão, como costumo chamá-lo, me emociona sempre. E agora, o "Efeito Zico" será contado em um livro escrito por Marcos Eduardo Neves, craque no ofício de contar histórias. E boas histórias.
O lançamento vai ser na noite de quarta-feira (20/03), às 18h, na Livraria da Travessa do Barra Shopping, três dias após o aniversário de Leandro, o Peixe-Frito, que em breve vai lançar um livro escrito por mim, Marcos Vinicius Cabral, e Sergio Pugliese.
Portanto, quando o fim é melhor do que o começo, temos a certeza de que, parafraseando Fernando Pessoa, "tudo vale a pena se a alma não é pequena", trecho retirado do poema Mar Português, pertencente ao livro Mensagem.
E, convenhamos, poucos têm uma grande alma neste universo de oito bilhões de pessoas. Arthur Antunes Coimbra, o Zico, é uma delas.