Hoje me peguei pensando em como passamos o tempo todo tentando ser fortes. Mas não aquela força que vem de dentro, natural, quase instintiva, mas uma força que nos é imposta. Uma força que está mais para armadura do que para essência. A armadura invisível que a gente coloca todos os dias, sem sequer perceber, e que vai ficando cada vez mais pesada, mais apertada.
Quantas vezes você se viu em uma situação difícil e, em vez de desabar, respirou fundo e disse para si mesmo: “eu preciso ser forte”? ou “eu aguento”. Às vezes, é para não preocupar a família, às vezes, é porque o trabalho não pode parar, porque ninguém pode ver suas fraquezas. Porque, se você mostrar que está quebrado, que está cansado, que precisa de uma pausa, o que é que vão pensar de você? Seria um erro, uma fraqueza, uma falha? A sociedade, a vida, parece cobrar de nós uma fortaleza constante, um sorriso impecável, uma postura que não permita uma rachadura sequer.
Eu me pego em dias em que só queria tirar essa armadura. Me jogar para trás, relaxar os ombros, deixar o peso todo cair e gritar: “eu não aguento mais!” Mas, em vez disso, fico ali, com a máscara no rosto, com a sensação de que todos esperam que eu seja mais, sempre mais. Que seja a amiga, a filha, a irmã, a profissional impecável, que não se permite fraquejar. Acontece que, às vezes, até as fortalezas precisam de reparo. Às vezes, é preciso um pouco de vulnerabilidade, de fragilidade, de dizer “eu não sei” ou “não consigo” sem medo do julgamento.
Quem foi que disse que precisamos ser fortes para todos, o tempo inteiro? Quem disse que ser vulnerável é sinal de fraqueza? Na verdade, o que me assusta é perceber que, quanto mais tentamos ser fortes para os outros, mais nos perdemos no caminho. Esquecemos de nós mesmos, de nossas necessidades. Colocamos um escudo invisível, mas que não nos protege, apenas nos isola. Acreditamos que estamos nos protegendo, mas na verdade estamos dando abertura para a nossa auto-destruição.
Eu vejo isso nas pessoas ao meu redor. Cada um com a sua armadura, cada um tentando sustentar um peso que não é só físico, mas emocional, psicológico. O chefe que precisa estar sempre seguro, a amiga que sempre tem a resposta certa, a provedora da família que se cobra por ser o pilar da casa. E, no fundo, todos estamos tentando agradar, tentando dar conta, tentando ser o que esperam de nós. Até que, um dia, nos damos conta de que o escuto nos machuca mais do que nos protege. De que estamos prontos para nos quebrar, sem sequer saber onde encontrar os pedaços que restaram.
Mas eu também sei que é difícil deixar a blindagem de lado. Ela nos dá uma sensação de segurança, de controle. E, ao fazer isso, a gente tem medo de perder tudo o que conquistou. Mas será que vale a pena continuar carregando um peso tão grande sozinho? Será que, se mostrarmos nossas fragilidades, se pedirmos ajuda, vamos ser menos amados, menos admirados, menos respeitados?
Na verdade, hoje acho que ser forte não é sobre não cair, mas sobre se permitir levantar. E, para isso, às vezes, precisamos deixar a armadura de lado. Precisamos respirar fundo e permitir que os outros vejam quem realmente somos. Com nossos medos, nossas inseguranças, nossas falhas, fraquezas... Porque, no fim, o que nos conecta não é o que fazemos de certo o tempo inteiro, mas a honestidade com que vivemos nossas imperfeições.
A gente não precisa ser forte o tempo todo, nem para todo mundo. A vida já é dura o suficiente sem precisar carregar esse fardo sozinho. Talvez, se nós permitirmos ser vulneráveis, sejamos mais humanos, mais reais. E, talvez, no final, seremos mais fortes do que nunca. Espero um dia aprender a colocar isso em prática...
Até o próximo texto!
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