"Manoel": um espetáculo inteligente para o público infanto-juvenil

Olhar Teatral, Por Paty Lopes, Crítica Teatral

Em 10/03/2023 às 21:00:33

"Manoel", definitivamente, não é um espetáculo para todos. Mas como não? Infelizmente, vivemos em um Brasil onde a educação perde a cada dia: quando faltam professores em salas de aula; quando professores são agredidos por seus alunos; ou quando escolas são depredadas pela própria sociedade. E o que essa fala tem em comum com essa peça? O espetáculo é inteligente, direcionado para o público infanto- juvenil, esse que ainda depende dos seus tutores para ser assistido. Mais que isso: para um público já alfabetizado, para que a obra cause um efeito transformador. Uma obra que trabalha o intelecto, as palavras, a criatividade, as emoções, o conhecimento, a perspicácia. Pergunto: como podemos levar tudo isso para um público cujos pais parecem achar suficiente uma tela pequena nas mãos dos seus filhos? Onde os livros são enfeites, isso quando são enfeites, muitas vezes nem isso... Esta obra é um presente a uma sociedade sã, menos sufocada pelo pouco, pelo raso. Que me perdoem os admiradores do oco, mas a obra "Manoel" é direcionada a uma sociedade que valoriza a poesia, os sentimentos, o belo! A estética não tem arranhões. Juntas, a figurinista Karen e a diretora Duda Maia, ambas preciosas para o teatro, trazem movimentos, cores, harmonia - e muita harmonia! -, inclusive, através das músicas, essas muito bem acolhidas para esse espetáculo. Eduardo Rios, o autor, também parece florescer através da escrita. O ator Luan Vieira é um profissional capacitadíssimo, isso é notável por sua atuação. E, claro, devemos falar da produtora Palavra Z, do atuante Bruno Mariozz, que sempre produz excelentes espetáculos para a sociedade carioca! Se você for aquele pai preocupado com uma educação mais primorosa para seu filho, não perca! Caso contrário, passe a ser e comece através dessa obra incontestavelmente rica!

Sinopse

Em cena, Dayse Pozato e Luan Vieira são dois personagens – batizados de Bocós, em alusão a um termo que Manoel usa em alguns de seus poemas – que brincam de ser um monte de coisas, descobrem e inventam palavras, experimentam os sons das palavras despertando novos sentidos, catam formigas e galhos secos pelo chão, gostam de ouvir o silêncio da chuva e brincar de pensar em nada. Entre brincadeiras e reflexões típicas da infância, os dois percorrem temas presentes na obra do poeta, como a natureza, o nada, o escuro, o silêncio e as inutilidades.

Ficha Técnica

Texto: Eduardo Rios

Direção: Duda Maia

Diretora assistente: Luiza Loroza e Carolina Futuro

Iluminação: Renato Machado e Felipe Medeiros

Cenografia: Anderson Dias

Trilha sonora original: Beto Lemos

Figurinista: Karen Brusttolin

Elenco: Dayse Pozato e Luan Vieira

Direção de produção: Bruno Mariozz

Produção: Palavra Z Produções Culturais

Serviço