Para muitos envelhecer, fazer aniversário, é uma dádiva, especialmente se levarmos em consideração esse momento tão inusitado que vivemos em decorrência de uma pandemia que abalou o mundo e modificou, e muito, nossos dias. É um coroar da vida com toda a sabedoria adquirida ao longo dos anos, regado pela satisfação e gratidão por estar vivo. Uma sabedoria pontuada pelas experiências, dores e alegrias que o crescimento impõe. No entanto, para outros envelhecer não significa flores e céu de brigadeiro.
Ficar mais velho traz enraizado em suas concepções, aspectos negativos como o surgimento de doenças, isolamento, sensação de inutilidade e o possível declínio mental e até questões como ser obrigado a crescer, amadurecer e deixar de fazer coisas prazerosas que fazia quando criança ou mais jovem. Essas razões explicam o porquê de algumas pessoas desenvolverem sensações de tristeza e depressão à medida que os anos vão se passando. Ou seja, tornam-se infelizes, rejeitam o amadurecimento e não aceitam a sua evolução cronológica.
E de que forma essas sensações e emoções, oriundas das datas comemorativas de aniversários, afetam nosso íntimo? Toda essa reflexão faz parte de um processo que chamamos de psicologia do aniversário. Como tudo o que existe, há uma dimensão – que pode ser angustiante, desafiadora ou estimulante (dependendo do ponto de vista) – que muitas pessoas parecem não perceber, que é a questão da finitude. O que pode ser extremamente angustiante para um, pode ser totalmente estimulante para outro. A realidade da finitude deveria fazer com que nós pensássemos em viver uma vida autêntica, de acordo com o que queremos de verdade fazer e viver, e não uma vida construída a partir do que as outras pessoas querem ou acham melhor para nós.
A ideia por trás de uma vida autêntica reside na reflexão da escolha. Em última instância, nunca poderemos culpar as outras pessoas pelas escolhas que fazemos. Ela é nossa e a responsabilidade por elas também. É o momento de pensar sobre a própria existência e, igualmente, na finitude dessa existência. A própria palavra aniversário liga o tempo à existência. Como bem sabemos, a nossa humanidade tem dificuldade em aceitar as limitações que o tempo nos coloca. Entramos em angústia existencial, em ansiedade e deixamos de nos projetar no futuro de forma positiva e saudável, nos tornando eternos saudosistas.
Visto isso, vamos pensar juntos: quantos momentos cabem num ano? Cabem 365 dias num ano, mas pense em quantos momentos cabem em um só dia… É um número inimaginável, não é mesmo? Se num dia só aprendemos e nos transformamos, ano após ano, mudamos, crescemos e nos reconstruímos mais intensamente! Quanto mais o tempo passa, mais a gente vive, aprende e sabe! Quantos desafios e medos estamos sendo obrigados a enfrentar diante de um período pandêmico, que mudou toda nossa vida e abalou todas as estruturas do mundo? E celebrar a vida, celebrar mais um ano é, portanto, sinônimo de mais uma vitória.
Enfim, celebrar o aniversário faz bem ao nosso equilíbrio emocional e psíquico. Logo, tem uma relação direta com a nossa saúde. É a abertura de um novo ciclo. É a vida seguindo seu fluxo. Quanto mais se vive, mais se experimenta, mais se arrisca, mais momentos são colecionados e mais memórias são adicionadas ao álbum da vida! Por isso é muito importante olhar para as experiências negativas com o sentimento de gratidão também, afinal a sabedoria está em receber o que não foi tão bom, se esforçando para ser melhor a cada dia. Além disso, mantenha acesa a chama da paixão pela vida e pelos outros.