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Confira algumas das atividades perigosas de Rabicó, traficante que o STF mandou soltar

Criminoso foi libertado esse mês e atua em São Gonçalo

Por Mario Hugo Monken em 22/11/2019 às 13:50:18

Foto: Reprodução de internet

Solto este mês por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o traficante Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó, movimentava milhões com a venda de drogas em seu principal reduto, o Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, e participava pessoalmente das negociações para a aquisição de munições, armas e entorpecentes para a quadrilha.

Uma investigação feita anos atrás mostrou que o bandido chegou a ter pouco mais de R$ 5 milhões em caixa. A apuração relata gastos da quadrilha com recargas, prestação de um carro preto, viagens, almoço, cadastramento de telefones celulares, internet, kit gás e até com uma casa que estava sendo construída para Rabicó em Santa Catarina.

O trabalho mostrou conversas entre Rabicó e o antigo aliado Thomaz Jahyson Vieira Gomes, o então 2N, em que o chefe afirmou estar comprando 23 caixas de munição calibre 556 de fuzil. 2N rebate dizendo que tinha um amigo com 50 caixas de munição para fuzil AK-47, 50 de 9 milímetros e 10 de 45, ambos de pistolas

Rabicó então afirmou a 2N que iria pagar R$ 500 nas munições de AK, mas não queria as ´de 9mm´, e precisava que as munições fossem entregues imediatamente.

2N´ explicou a ele que as munições vinham vindo do Paraguai, mas já se encontravam do lado brasileiro da fronteira e chegavam em uma semana´ Hoje, 2N virou 3N e é inimigo mortal de Rabicó. 3N quer tomar o Complexo do Salgueiro

Em outro trecho, Rabicó questiona se um comparsa entregou R$ 300 mil para um matuto (fornecedor de drogas e armas) no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte do Rio.

Há um caso em que Rabicó fala para um aliado que alguém teria que levar 50kg de ´cavalo´ (cocaína pura) e, por isso, tinham separar R$ 250 mil, R$ 70 de frete por quilograma, totalizando R$ 3.500.

Rabicó comentou com mais um aliado que já havia comprado 500kg de maconha e separado seis fuzis Parafal 7,62mm, 24 pentes e caixas de munição. Em seguida, afirmou que a intenção era comprar um caminhão para levar apenas as armas e munições para o Rio de Janeiro.

Ele chegou a dizer que havia depositado para um fornecedor a quantia de R$133.000,00, divididos em parcelas de R$9.500, por 14 bancos diferentes e pediu a confirmação se o dinheiro do depósito já havia caído na conta do ´mano dos bicos´ (fornecedor de armas).

Chama a atenção também a negociação de Rabicó com outro chefão do Comando Vermelho, Luís Cláudio Machado, o Marreta. Rabicó encomendou 50 kg de drogas e perguntou a Marreta tem pedra (referência a 1kg) para adiantar, dizendo que 30 ou 20 pedras bastam. Rabicó ainda perguntou ao comparsa se ele tinha como arrumar cinco caixas de munições para AK-47.

Rabicó também negociou com o traficante Monstrão da Mangueira. Em uma escuta, ele perguntou ao aliado se conhecia alguém que possa levar 50kg para ele. ´Monstrão´ disse na época que tem um amigo que faz frete para ´nós´ (sic) (referência ao núcleo de traficantes liderado por ´Marreta´) e que cobra ´100 por kg´ (sic).

Em outro inquérito, Rabicó já preso foi apontado, além das transações relativas ao comércio de drogas e armas, comandar o tráfico na comunidade do Salgueiro, dando ordens, detalhando e fiscalizando cada integrante da quadrilha, tudo do interior do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, por meio de contatos telefônicos.

Um dos trechos captados, ele fala com a mulher que menciona que mandou preparar bucho de boi para refeição, conforme ele havia pedido e que lhe entregaria na próxima visita.

Em outra escuta, Rabicó deu uma bronca em um subordinado: " irmão, se liga. Eu tô te pedindo, tô falando e você tem que cumprir essa porra aí ou então sai ...então, veja bem o que eu tô falando para você. Se você não está satisfeito de trabalhar comigo, parceiro, e de ouvir o que eu tô falando, você deixa meu bagulho aí, certo parceiro.

Foi o ministro Marco Aurélio Mello que determinou a soltura de Rabicó, apesar dele responder a outros processos e já ter sido condenado. Em sua decisão, o magistrado afastou, até o julgamento do mérito da impetração, a execução provisória da pena e mandou expedir alvará de soltura. Solicitou para advertir o traficante da necessidade de permanecer com a residência indicada ao Juízo, atendendo aos chamamentos judiciais, de informar possível transferência e de adotar a postura que se aguarda do cidadão integrado à sociedade.

Questionado se Rabicó já deixou a penitenciária federal em que estava, o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) alegou que não pode prestar informações sobre detentos.

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