O surto do novo coronavírus tem como epicentro a China, onde levou 909 pessoas a óbito segundo balanço do governo local divulgado nesta segunda (10). No entanto, os mais de 300 casos confirmados em outros países, com uma morte nas Filipinas, preocupam quem tem viagem marcada para a Ásia. É o caso da seleção brasileira de futebol de 5, modalidade paralímpica para atletas com deficiência visual, que tem programado um torneio em Shinagawa (Japão) entre 16 e 21 de março. A competição é preparatória para a Paralimpíada deste ano, que será em Tóquio (Japão) entre 25 de agosto e 6 de setembro (o comitê organizador do evento, inclusive, já manifestou preocupação com o avanço da doença).
A delegação para Shinagawa, que, além da comissão técnica, terá mais 10 atletas, reuniu-se semana passada no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, para uma fase de treinamentos, a primeira de 2020. A próxima etapa será em março, uma semana antes da viagem. Até lá, a comissão técnica espera ter mais clara a situação do país asiático, que, apesar de não ter registrado óbito por coronavírus, está com um navio de cruzeiro em quarentena atracado no porto de Yokohama com 135 casos confirmados do vírus.
"Sei que é uma competição muito importante, mas ela está no mesmo continente [Ásia] da China. Há esse risco mundial. O pessoal [da CBDV, sigla para Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais] está alerta. Se por acaso existir algo que atrapalhe o grupo, que ameace nossa integridade, com certeza não vamos. Estamos em contato com a organização, praticamente todos os dias trocando e-mails. E estamos fazendo o nosso trabalho. Espero que isso se resolva e possamos estar lá", afirmou o técnico Fabio Vasconcelos.
Os atletas da seleção tetracampeã paralímpica também acompanham os desdobramentos, com um misto de ansiedade e otimismo. "Infelizmente, teve caso confirmado [de morte] fora já. Mas, vamos pedir a Deus e torcer que nos livre de todo esse perigo", disse o ala Tiago Paraná. "Estamos sempre acompanhando essa questão do coronavírus, mas sabemos que no Japão ainda está controlado", comentou o também ala Maurício Dumbo.
No último domingo (9), a Federação Internacional de Badminton (BWF, sigla em inglês) anunciou, em comunicado, a transferência de um torneio internacional da versão paralímpica da modalidade, que começou nesta segunda, do CT Paralímpico para o Ginásio do Ibirapuera, também em São Paulo. No texto, a BWF informou que a mudança é relacionada a "medidas protetivas" que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) estabeleceu para o CT, considerando o volume de atletas de outras modalidades e demais profissionais que também utilizam a instalação.
O torneio reúne 220 atletas de 38 países, entre eles 16 (incluindo a China) em que já houve algum caso constatado do vírus. Segundo o comunicado da Federação Internacional, "se um único caso de coronavírus for confirmado durante o campeonato, o CT inteiro teria que ser posto em quarentena". A nota destaca, por fim, que a Confederação Brasileira de Badminton (CBBd) deixa claro "que isso [alteração] não está conectada à detecção de nenhum caso" da doença e que "atenderá às recomendações das autoridades de saúde do país".
No Brasil, não houve confirmação de nenhuma infecção por coronavírus. Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado na última sexta (7), de 34 casos considerados suspeitos, 26 já foram descartados e os demais permanecem em investigação. No sábado uma mulher foi presa na zona sul do Rio de Janeiro por simular sintomas da doença.
Com Agência Brasil