A Grã-Bretanha fecha: o primeiro-ministro Boris Johnson diz às pessoas para trabalharem em casa, ficarem fora de bares e clubes e para interromper todos os contatos sociais "não essenciais" por 12 semanas, enquanto ele revela que a taxa de infecção de Londres está agora "algumas semanas" à frente do restante do Reino Unido, segundo o Daily Mail. O número de mortes por coronavírus no Reino Unido salta de 35 para 55, em um dia, enquanto as autoridades diagnosticam mais 171 casos da infecção assassina.
Com os 171 pacientes com coronavírus do Reino Unido confirmado na segnda-feira, o número de contaminados da Grã-Bretanha subiu para 1.543, à medida que a crise que deixou milhões apavorados continua a se aprofundar. O País de Gales também confirmou que um homem de 68 anos em Wrexham se tornou sua primeira morte por coronavírus. As autoridades devem anunciar mais mortes ainda na segunda-feira, 16/3.
A verdadeira dimensão da crise do coronavírus da Grã-Bretanha agora está sendo mascarada porque as autoridades não estão mais testando todos os que têm a doença com risco de vida, uma decisão que provocou a ira da Organização Mundial da Saúde, de acordo com o Daily Mail. Em vez disso, as autoridades estão restringindo os testes a pacientes gravemente doentes ou que já estão no hospital, o que significa que as atualizações diárias são apenas uma fração da escala real do agravamento do surto no Reino Unido. A opção do governo britânico, até agora, era de evitar normas de impacto maior, como a proibição de vôos ou o fechamento do comércio não-essencial. A União Europeia, da qual o Reino Unido saiu há menos de um mês, e a Organização Mundial da Saúde criticaram a opção.
O agravamento da crise fez com que o gabinete conservador adotasse medidas drásticas de quarentena. Basta que um membro da família apresente sintomas leves de COVID-19, que toda a família deve se auto-isolar por 14 dias, anuncia o governo britânico. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que 'se você ou alguém em sua casa' teve um dos dois sintomas - uma alta temperatura ou tosse contínua - 'você deve ficar em casa por 14 dias'.
Milhões de idosos e mais vulneráveis ??precisarão se "proteger" do contato social e ficar em casa por três meses a partir deste fim de semana. Boris Johnson reconheceu que "ação drástica" era necessária para conter a propagação do coronavírus mortal no primeiro de seus novos briefings diários de Downing Street sobre a COVID-19.
O governo tem poderes para encerrar reuniões de massa e não as apoiará com trabalhadores de emergência como parte de novas medidas. Em uma coletiva de imprensa na segunda-feira, o primeiro-ministro disse que as reuniões de massa são algo "do qual estamos nos afastando enfaticamente", pois ele instou o país a interromper todo contato "não essencial" com outras pessoas.
Quais são as 'condições de saúde subjacentes? ': Cresce a pressão sobre o governo para revelar que doençasassociadas os mortos por coronavírus tiveram após um sobrevivente de 40 anos, com doença cardíaca, revelar que a infecção o deixou cinzento. As pessoas estão pedindo mais informações sobre as condições de saúde sofridas pelas vítimas do coronavírus no Reino Unido, enquanto o National Health Service (NHS), o serviço de saúde britânico, continua a usar a frase 'condições de saúde subjacentes'. NHS vai suspender operações eletivas, não emergenciais, para ajudar a liberar funcionários e camas para ajudar na batalha contra os coronavírus, disse aos deputados do Reino Unido Matt Hancock, diretor do serviço.
Alta dos casos obrigou Boris Johnson a 'cavalo-de-pau' para enfrentar vírus inócuo para 80%, mas letal para até 20%
A descrição do jornal português público, da tática de Boris Johnson, do Keep Calm and Carry On, um espécie de 'Suave na Nave' ou 'Vai Levando' ilustra bem a proporção da mudança desta segunda-feira. Até então, a receita britânica era manter a vida normal, o máximo possível: escolas abertas, autotratamento para quem tem sintomas de gripe e recomendações genéricas sobre higiene, o comportamento em espaços públicos e as viagens para dentro e fora do país. Ao contrário da grande maioria dos vizinhos europeus, o Reino Unido assumia, com medidas como estas, uma abordagem comedida para lidar com o surto do novo coronavírus no seu território, numa altura em que, a meio da manhã desta sexta-feira, havia 798 casos confirmados de infecção e dez mortes relacionadas com a doença. Números que, como se vê contrastam fortemente
Não que isso signifique que Boris Johnson e a sua equipa estejam despreocupados, como outros chefes de Estado e de Governo estiveram, com a ameaça pandémica que paira por todo o mundo. Downing Street acredita que haja, actualmente, entre cinco a dez mil infectados, em todo o país e, num discurso à nação, na quinta-feira, o primeiro-ministro não podia ter sido mais claro em relação à gravidade do que aí vem: "Haverá mais famílias que perderão os seus entes queridos antes do seu tempo".
Assumir esta inevitabilidade e, mesmo assim, recusar fechar escolas e espaços públicos ou cancelar voos, motivou, como era previsível, uma enorme onda de críticas ao executivo conservador, tanto da oposição – interna e externa aos tories –, como de especialistas e cientistas, que exigem medidas mais robustas e céleres, para conter a covid-19 e evitar cenários descontrolados, como os da Itália ou do Irão.
Segundo as estimativas apuradas pelo Governo, o Reino Unido está a cerca de quatro semanas de distância dos casos europeus mais graves, em termos de propagação, pelo que os seus conselheiros científicos acreditam que é muito cedo para impor medidas mais restritivas.
As principais medidas de contenção em vigor desde antes do pacote desta segunda-feira, 16/3, são o isolamento, durante uma semana, de todas as pessoas que apresentarem "sintomas semelhantes" a uma gripe normal, a proibição de viagens escolares para fora do país, a recomendação a idosos que evitem cruzeiros e o cancelamento de eventos desportivos e das eleições locais inglesas e galesas.
"Cada pequena coisa teria que ser para reduzir a disseminação do vírus', disse rival de Boris entre os Conservadores
"A situação é extremamente grave, estamos numa emergência nacional. O mais normal seria que cada pequena coisa que fizermos durante essas quatro semanas tivesse sido pensada para reduzir a disseminação do vírus entre as pessoas", defendeu o ex-ministro da Saúde e adversário de Johnson na corrida à liderança do Partido Conservador e do executivo, Jeremy Hunt, que também preside à comissão da Saúde na Câmara dos Comuns.
E que, tal como os representantes do Partido Trabalhista, do Partido Nacional Escocês, do Plaid Cymru e dos Liberais-Democratas insistiram na sexta-feira, junto do Governo, não compreende a manutenção das escolas abertas e a não-proibição das visitas aos lares de idosos. Ponderações que, mesmo a contragosto, o inquilino de 10 Downing Street teve que engolir.
Na mesma linha, o professor de Saúde Pública Internacional da London School of Hygiene and Tropical Medicine, Jimmy Whitworth, esperava uma atuação mais incisiva de Johnson. "Tendo em conta os indícios verificados noutros países, a abordagem mais realista seria desencadear as medidas de saúde pública mais robustas – que seriam apoiadas pela generalidade da opinião pública britânica", disse à BBC.
Mas o Downing Street agarrou-se ao seu plano e defendeu-o com unhas e dentes, pela voz de Patrick Vallance, conselheiro científico do Governo, que estabeleceu como objectivo primordial a redução e o atraso do pico da epidemia. "Queremos proteger as pessoas do período mais infeccioso. Não queremos que toda a gente apanhe [a covid-19] rapidamente, inundando e sobrecarregando os serviços do NHS [serviço nacional de saúde britânico]", disse na sexta-feira, 13/3.