Os cinco primeiros colocados nas sondagens apresentam rejeição superior à maioria absoluta dos eleitores consultados pelo Ipespe, na série encomendada pela XP Investimentos. Lula (60%), Ciro (60%), Marina (59%), Bolsonaro (57%), Alckmin (57%) e Haddad (56%) mostram índices tecnicamente iguais de recusa. É como se a palavra de ordem 'Que Se Vayan Todos', da revolta que resultou na queda do presidente da Argentina, Fernando De La Rua, fosse adotada no Brasil.
O PT estica o quanto pode a corda, mantendo a postulação de Lula, mesmo com seus dirigentes sabendo da tendência contrária no Judiciário. A última esperança é a reversão de voto da Suprema Corte em favor da prisão de condenados em segunda instância antes de esgotados todos os recursos, adotada por margem estreita (6 a 5).
Do outro lado do front, se desenham sinais contraditórios. Bolsonaro pode comemorar a manutenção da liderança na pesquisa espontânea (17%), embora a diferença para Lula tenha se reduzido de quatro para dois pontos percentuais.
O desafio de Bolsonaro parece ser o de enfrentar a rejeição a seu nome pela maioria do eleitorado, a julgar pela pesquisa. O percentual de quem não votaria no ex-capitão de forma alguma cresceu de 52% para 57%, entre maio e agosto.
Sem Lula, equilíbrio prevalece no segundo turno
Em duas semanas, na simulação de segundo turno entre os dois mais citados, Luiz Inácio Lula da Silva aumentou de seis para nove pontos sua vantagem face a Jair Bolsonaro. Pela primeira vez, Lula deixa o empate técnico com o federal do PSL. No início da série de pesquisas do instituto dirigido por Antonio Lavareda e Maria Montenegro, em 15 de maio, Lula estava em empate técnico com Bolsonaro. O ex-capitão estava dois pontos à frente, e portanto dentro da margem de erro. Em três meses, Lula inverteu a desvantagem de dois pontos em uma distância de nove a seu favor.
O Ipespe testou sete situações de segundo turno. A primeira listada, PT X PSDB, é a que prevaleceu em todas as eleições presidenciais desde 1994, e por um momento pareceu varrida pelos efeitos devastadores da Lava-Jato sobre os maiores partidos brasileiros. Fernando Haddad perderia para Geraldo Alckmin por 36% a 25%, com nada menos de 41% de eleitores recusando a ambos. Os petistas podem se apegar ao fato de que há duas semanas, a diferença contra o ex-prefeito era de 16 pontos percentuais.
Num hipotético segundo turno entre Haddad e Bolsonaro, a vitória do ex-capitão seria por uma margem menor que a de Alckmin (37% a 29%). Sem Lula no páreo, Bolsonaro perde para Marina (38% a 32%) e empata com Alckmin (33% a 33%, mesmo percentual dos que recusam a ambos) e Ciro (32% a 30% para Bolsonaro, empate técnico), por conta de sua elevada rejeição. Há duas semanas, a diferença em favor do ex-capitão superava a margem de erro.