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Preparativos para Tóquio

Atleta paralímpico de vôlei sentado celebra superação por meio do esporte

Daniel Yoshizawa ressalta a importância da vacinação contra a meningite, doença grave que quase tirou sua vida


Daniel Yoshizawa. Foto: Divulgação

Com retrospecto de vitórias nos últimos três campeonatos nacionais de vôlei sentado (2017, 2018 e 2019), além de medalhas de bronze no mundial 2018 e ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2019, Daniel Yoshizawa iniciou em janeiro os treinamentos com a seleção brasileira de vôlei sentado para a temporada de 2021. Após uma rotina de treinos em casa no ano passado, o atleta avança na preparação rumo ao seu principal destino na carreira, em agosto, no Japão. O levantador da equipe brasileira é uma das referências da modalidade e, para os jogos de Tóquio, pode ter a chance de buscar um resultado histórico para o time masculino.

Com a expectativa de convocação entre os 12 paratletas da seleção que representarão o Brasil na maior competição esportiva do mundo, Daniel sentiu os impactos da pandemia em sua rotina de treinamento. “A suspensão dos treinos e competições em 2020 interferiu no rendimento individual e no desempenho geral da equipe. Durante o período em isolamento, a preparação técnica e física teve que ser improvisada. Retomei os treinos no final do ano passado da maneira mais segura possível e sigo na expectativa de ser convocado e de poder competir em alto nível pela tão sonhada – e inédita – medalha para o Brasil”, comenta o atleta.

A convocação oficial para os jogos do Japão será anunciada apenas em maio. Até lá, 16 atletas lutarão para conquistar as 12 vagas na equipe que representará o país na Ásia. Após iniciar a fase de treinamentos para a temporada em Sergipe, durante o mês de janeiro, Daniel segue com a seleção brasileira para São Paulo, onde a equipe masculina deverá reforçar ainda mais a preparação, visando o melhor nível técnico, tático, físico e mental rumo ao seu principal desafio.


Foto: Divulgação

Trajetória de superação

Levantador da equipe de vôlei sentado do SESI-SP, Daniel começou na modalidade em 2009, após um longo processo de superação de um quadro grave de meningite meningocócica, doença que levou à amputação de suas pernas e parte dos dedos das mãos, aos 21 anos de idade. Apesar de já ter recebido uma dose da vacina na infância, o atleta não recebeu a dose de reforço na adolescência.

“O processo foi muito doloroso. Sempre fui uma pessoa independente e, do dia para a noite, adoeci, fiquei em coma, precisei amputar partes do meu corpo e me vi em uma situação de total dependência. Perdi força muscular e precisei fazer muita fisioterapia para conseguir me reabilitar. Depois de um ano e meio, minha vida começou a se transformar, quando conheci o vôlei sentado e fui apresentado ao SESI São Paulo. Valorizo muito a oportunidade que o esporte me deu de renascer como pessoa e profissional. Hoje, tenho uma carreira vitoriosa e sou um exemplo para muitos que passam pelo que passei”.

Mudança de vida

Embaixador da causa da vacinação, Daniel vê como sinal de alerta a queda da cobertura vacinal nos últimos anos no Brasil, já que a doença meningocócica, por exemplo, é considerada uma enfermidade imprevisível por poder ser assintomática, dificultando o diagnóstico precoce, mas também com potencial de desenvolvimento e evolução muito rápidos, podendo levar à morte em até 24 horas após o início dos sintomas.

Daniel relata que nunca tinha entrado em contato com pessoas que tiveram a doença, e acreditava que ela acometia somente crianças. No entanto, cerca de 20% dos adolescentes e jovens adultos podem ser portadores do meningococo pessoas que hospedam a bactéria sem adoecer e, podendo ainda assim, transmitir a bactéria aos outros. Entre 2015 e 2018, mais de 50% dos casos de meningite meningocócica ocorreram em indivíduos maiores de 15 anos de idade.

“Na juventude, me lembro de ver campanhas para o público infantil, sem foco nos adolescentes. Isso me faz pensar no meu papel de alertar a todos sobre a doença, as sequelas que me deixou, e a importância do reforço da vacinação”, finaliza.

Proteção estendida da vacina contra a meningite meningocócica disponível, gratuitamente, no Sistema Único de Saúde

Em outubro de 2020, a vacina ACWY, contra 4 sorogrupos de meningite meningocócica, foi incorporada ao Programa Nacional de Imunização (PNI) para adolescentes entre 11 e 12 anos. Isso significa que a vacina passou a ser disponibilizada, gratuitamente, na rede pública, e que esses jovens terão uma dose de reforço com proteção ampliada, ajudando a prevenir novos casos da doença.

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