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Desenvolvimento econômico

Ingresso do Brasil na OCDE pode levar até cinco anos

Nesse período, pleito tupiniquim terá o crivo de comissões temáticas, como a de combate à corrupção


OCDE ligou 'alerta' para monitorar com mais atenção corrupção no Brasil

Desde que formalizou, em 2017, sua pretensão de se tornar membro da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ainda aguarda a formalização de sua candidatura, num processo que poderá demandar até cinco anos para ser concluído. É o que apontam, pelo menos, três estudos da consultoria legislativa da Câmara dos Deputados, que foram divulgados nessa segunda-feira (26).

Mas para que a candidatura tupiniquim se concretize, será necessário que esta seja aceita por 37 membros. Vencida essa fase, o país sofrerá o crivo de comissões temáticas, que vão analisar o cumprimento de recomendações da OCDE em setores que vão desde o meio ambiente, saúde, responsabilidade fiscal e o combate à corrupção. Hoje transformado em prioridade da política externa do governo Bolsonaro, o pleito nacional já havia sido explicitado em 1996, quando o Brasil ingressou no chamado ‘Comitê do Aço’.

Poluição é destaque

Em cooperação com a OCDE desde os anos 90, desde esse período até hoje, o país já aderiu a mais de 80 dos 254 instrumentos jurídicos (entre recomendações e decisões) fixados pela organização. Como evidência da associação óbvia entre natureza e economia, dos 254 instrumentos citados, pelo menos 92 deles se referem diretamente ao meio ambiente, de forma integral ou parcial, com predominância para a questão da poluição. No que toca a leis e decretos federais, 56 instrumentos foram, efetivamente, contemplados pela legislação brasileira.

Entre as diversas normas e recomendações da OCDE, destaque para aspectos econômicos, em especial, no que diz respeito à liberalização das economias nacionais, assim como na regulação de temas que exerçam impacto sobre as relações econômicas internacionais.

Movimentos de capitais

Em geral, a organização dispõe de instrumentos obrigatórios (códigos) vinculados à liberalização dos movimentos de capitais e das operações correntes invisíveis, sobretudo transações e transferências, tendo em vista ‘retirar’ restrições aos fluxos de capitais. São exemplos de regulação, as recomendações da instituição sobre preços de transferência e as discussões sobre tributação da economia digital.

De acordo com o economista e ex-ministro da Economia de Portugal, Álvaro Santos Pereira – responsável pelo estudo dos países-membros da organização – a entrada brasileira na organização requer uma ‘atitude reformista’, ao admitir a preocupação com a situação do desmatamento no país e como melhorar as políticas econômicas na direção da ‘economia verde’. “O Brasil não pode ficar para trás”, enfatizou, ao citar os Estados Unidos e a Europa como ‘cases’ de recuperação econômica, por meio de uma economia mais sustentável.

'Tesouros mundiais'

Pereira também alerta para o fato de que a ‘destruição do Pantanal e da Amazônia’ que podem redundar numa ‘agricultura de baixa produtividade’ e na perda desses ‘tesouros mundiais’ que poderiam atrair mais investimentos e turismo. Favorável à participação brasileira na organização, o economista português sentencia: “O lugar do Brasil é na OCDE”, acrescentando que se o ingresso se confirmar, o país poderá se tornar um dos seus mais poderosos membros do ‘clube’.

A atenção máxima conferida pela OCDE ao combate contra a corrupção no país levou a OCDE a criar um grupo permanente para monitorar a questão, sobretudo, com o que Pereira chamou de ‘fim da Lava Jato’, acompanhado por restrições ao compartilhamento de informações de órgãos financeiros para investigações.

CNI defende acesso

A importância do tema levou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a enviar, no início desse mês, carta à OCDE, em que ressalta a importância de o Brasil integrar seus quadros para a recuperação econômica mundial.

Mas para que essa recuperação ocorra de forma inclusiva e sustentável, a CNI entende que a organização deve promover uma diversificação e expansão geográfica de seus membros, abrindo espaço para que países com realidades econômicas e sociais diferentes, como o Brasil, tenham oportunidade de incorporar políticas e boas práticas propostas pela OCDE.

O acesso brasileiro à organização é conduzido pelo Conselho Brasil-OCDE, formado pela Casa Civil, Secretaria-Geral da Presidência da República, Secretaria de Governo da Presidência da República e pelos ministérios das Relações Exteriores e da Economia.

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