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Caso Henry Borel

Coronel Jairo afirma em depoimento que laudo que aponta lesões em Henry é falso

Pai do Dr. Jairinho participou da audiência como informante convidado


Manifestantes protestam do lado de fora da sede do TJRJ pedindo justiça no caso Henry Borel. Foto: Anderson Madeira

Em mais uma audiência de instrução do caso Henry Borel, na 2ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, nesta terça-feira, 14, o deputado estadual Coronel Jairo (Solidariedade), pai do réu, o ex-vereador Dr. Jairinho, afirmou que o laudo médico que constatou a existência de 23 lesões no corpo do menino Henry Borel Medeiros, de quatro anos, morto na madrugada de 8 de março deste ano, é falso. A audiência foi presidida pela juíza titular, Elizabeth Louro.

Segundo Coronel Jairo, que prestou depoimento como informante convidado pela defesa da nora Monique, não havia nenhuma lesão no corpo de Henry, quando ele foi levado ao hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca.

“Eu cheguei ao Barra D’Or e vi a Monique sentada, perto do leito onde estava Henry. Eu me ajoelhei e botei a mão no rosto dele e no cabelo. Fiquei assim por 30, 40 minutos. Orei para que ficasse bom. Constatei que em seu peito e na cabeça não havia nenhuma equimose. Nenhum ferimento. A não ser uma arranhadura no nariz, devido a um procedimento médico realizado um tempo atrás. Eu estudei um pouco sobre isso para entender este caso. Os primeiros laudos nada falam de lesões. Só o sexto, divulgado 44 dias depois da morte.. Este é falso. As médicas e as enfermeiras foram testemunhas de que não havia lesão no corpo do menino. Cristiane Isidoro, que foi assessora de meu filho também esteve presente”, contou Jairo.

Ele insinuou que o delegado responsável pelo caso, Edson Henrique Damasceno (na época na 16ª DP e hoje chefe da Delegacia de Homicídios da Capital), teria interesse político em incriminar o Dr. Jairinho e que o pai de Henry, o engenheiro Leniel Borel, comprou cinco imóveis na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio, erguida pela milícia local.

“O Leniel comprou cinco apartamentos lá, que é um local dominado pela milícia. Quando chegou ao Barra D’Or para ver o filho, estava acompanhado de cinco homens, um deles, policial, pelo que eu soube depois. O suplente do meu filho que assumiu a cadeira dele na Câmara de Vereadores do Rio, Marcelo Diniz (Solidariedade), é ligado a um grupo político da região. Já o Edson, quer entrar na política e usou o meu filho para se projetar. Aqui no Brasil virou moda prender autoridade para ficar bem na fita”, reclamou o parlamentar.

Garantiu que o filho não é um psicopata: “Ele foi criado na poesia e na arte. Com muito amor. O Jairinho tem TOC (Transtorno Obssessivo Compulsivo) e quem tem isso não tem psicopatia. Li muito sobre o assunto. A Polícia buscou duas ex-namoradas dele que estavam insatisfeitas. Eu tenho contato de cinco ex-namoradas com filhos que o adoram. Jairinho se dá muito bem com os filhos delas”, disse o Coronel Jairo, que também negou ser ligado à milícia. “A mídia espalha isso sobre mim. Mas, no relatório da CPI da Mílícia, comandada pelo então deputado estadual e hoje federal Marcelo Freixo (PSB), não há nenhuma menção ao meu nome”, afirmou Jairo.

O parlamentar disse ainda que o filho estava dormindo quando ocorreu o incidente com Henry. “Ele toma remédios para conseguir dormir. Aí, só acorda se sacudi-lo. Estava dormindo na hora e não machucou o menino”, garantiu o deputado.

A tia de Jairinho, Herondina de Lourdes, também foi ouvida como testemunha da defesa e negou que o sobrinho e Monique tenham jogado os celulares pela janela de sua casa, em Bangu, Zona Oeste do Rio, quando a polícia chegou para prendê-los.

“O meu sobrinho, sempre que pode vai lá em casa descansar um pouco e me fazer companhia. Ele e Monique foram lá passar uns dias e aí o delegado Damasceno chegou, batendo na porta com truculência e querendo saber onde estava o Jairinho. Quando entrou no quarto, falou: “Eu disse que iria te pegar e te peguei”. Meu sobrinho não fugiria. O delegado mentiu quando disse que Jairinho e Monique jogaram os celulares pela janela. A frente da casa dá para a rua. Se tivessem feito isso, todo mundo veria. Inclusive a imprensa, que estava sempre lá. A minha casa ficou famosa na rua. O Jairinho é um amor de pessoa. Tenho quatro netos que o adoram e brincam com ele”, relatou Herondina.

O conselheiro do Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM-RJ) Thiago K. Ribeiro, que é amigo há nove anos de Jairinho, garantiu que ele é carinhoso com todos e que não o imagina capaz de matar uma criança.

“Já nos encontramos em churrascos e eventos sociais, junto com nossas famílias e ele sempre foi carinhoso e brincalhão com as crianças. Na Câmara Municipal é carinhoso com todo mundo. Chegou a ser presidente da Comissão de Constituição e Justiça e Redação, além de líder do Governo no mandato anterior do prefeito Eduardo Paes, do ex-prefeito Marcelo Crivella e depois, de Paes de novo. Ele gosta de jogar as crianças para o alto, de brincadeira. Nunca o vi ser violento com ninguém e não o imagino capaz de torturar e matar uma criança”, relatou Thiago.

A única testemunha de acusação que esteve na audiência foi a cabeleireira Tereza Cristina dos Santos, que estava no salão com Monique quando ela atendeu a uma vídeo chamada da babá, que mostrou Henry mancando. Ela foi a primeira a depor na sessão.

“Pelo celular ela filmava o menino andando no corredor. A babá mostrou no vídeo ele mancando. Depois, ouviu o menino perguntando: ‘Eu atrapalho, mãe?’. Ela disse que não. Ainda ouvi o menino dizendo que o tio havia brigado com ele ou batido. Não deu para ouvir ao certo”, relatou Tereza, acrescentando ter ouvido uma ligação em seguida, onde Monique disse: ‘Para de dizer ao meu filho que ele me atrapalha, isso não é verdade. Se você mandar a babá embora, eu vou junto também porque ela trata muito bem do meu filho’. No dia seguinte à morte do menino, ela esteve no salão e parecia abatida”, contou Tereza.

A cabeleireira ouviu Monique descrever um perfil agressivo do companheiro. “Ainda ouvi ela dizendo: ‘Se você quer quebra tudo, você pode quebrar, porque você já está acostumado a isso mesmo”, contou Tereza. De acordo com ela, a mãe de Henry perguntou se havia no shopping alguma loja que vendesse câmeras. “Entendi nesse momento que ela estaria desconfiada de alguma coisa”, contou.

Monique e Jairinho estão presos desde 8 de abril, após terem sido denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por homicídio qualificado (motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa da vítima e impingiu intenso sofrimento, além de ter sido praticado contra menor de 14 anos), tortura, coação de testemunha, fraude processual e falsidade ideológica.

Jairinho teve o mandato cassado em 30 de junho passado, por 50 votos, uma decisão unânime da Câmara. Ele estava no quinto mandato. O ex-parlamentar, que é médico, chorou durante o depoimento do pai. Já Monique também se emocionou, quando Herondina falou da relação dela com o filho. Na audiência, ela sentou-se à frente do ex-companheiro e quando entrou, depois dele, evitou de olhá-lo.

Um pouco antes da audiência, um grupo de mães de crianças vítimas de violência, fez uma manifestação na entrada do prédio, na Rua Erasmo Braga, pedindo justiça.


Nesta quarta-feira, dia 13, haverá nova audiência para ouvir as testemunhas de defesa de Monique.




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