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Vidas em risco

"Foi cena de terror, muita covardia", lamenta torcedor, após jogo no Nilton Santos

Ataque com uso de pedras ocorreu após Botafogo x Fortaleza e resultou em pelo menos dois feridos, incluindo homem que vai ser submetido a cirurgia


Camisa ensanguentada de torcedor, após pedrada: previsão de ficar uma semana internado. Foto: Reprodução/Facebook

Na noite do último domingo (15), a vitória de virada do Botafogo diante do Fortaleza, por 3 a 1, em partida válida pela 6ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, não teve a mesma alegria para todos os alvinegros. A caminho de casa, alguns deles foram atacados dentro do trem, em Bento Ribeiro, seis estações após a do Estádio Olímpico João Havelange.

Relatos postados nas redes sociais dão conta de que flamenguistas, munidos de pedras, foram responsáveis pelas agressões. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas: a estudante de nutrição Isabella Barbosa Silva foi encaminhada ao Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, com afundamento na testa, e liberada anteontem mesmo. Já Henio Hugo, que trabalha no comércio e continua internado, no Hospital Geral de Nova Iguaçu, tem previsão de passar por cirurgia na mandíbula, até a próxima segunda-feira (23).

"Já fiz alguns exames aqui, tomografia, raio-x e de sangue", conta. Ele se lembra de ter identificado agressores vestindo camisas do Flamengo.

"O Henio estava do meu lado; quando a pedra veio, eu dei um salto para não pegar em mim. A pedra pegou nele e a outra, na minha esposa. Foi cena de terror, muita covardia. Quando olhei para a minha esposa, sangrando, eu fiquei muito nervoso. Não esperava acontecer isso em Botafogo e Fortaleza, tanto que nunca a levei em clássico", conta o camelô Angelo dos Reis Rangel, marido de Isabella. "Estou tão traumatizado com isso tudo, que toda hora que fecho o olho, eu lembro do cara com aquela pedra na mão, tacando com toda raiva em cima da gente. Essa noite [de domingo] eu nem dormi pensando nisso. A gente podia ter morrido".

O Botafogo emitiu um comunicado, no qual informa que "acionou os órgãos públicos na busca por esclarecimentos em decorrência dos episódios de violência provocados por torcedores rivais nos trens da Supervia, após a última partida".

"O Clube repudia os atos e não medirá esforços para buscar a segurança dos alvinegros", completou, em seu perfil oficial no Twitter.

Longe do estádio, sobre os trilhos: torcedores sofrem emboscada dentro de estação na zona norte. Imagem: Reprodução/Twitter

Em resposta à reportagem, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) alega que o "princípio de desentendimento" ocorreu na estação anterior, quando "equipe do Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) coibiu torcidas rivais em uma composição ferroviária, na Estação Oswaldo Cruz".

"Ao notar a alteração, o maquinista fechou as portas do trem e partiu. Não houve relatos de feridos neste episódio. Os policiais permaneceram na estação até o encerramento das operações previstas para o dia do jogo. Sobre relatos relacionados a feridos nas imediações da Estação de Bento Ribeiro, o comando do Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios (BEPE) determinou que sejam feitas buscas na região para identificar o envolvimento de torcidas organizadas no suposto ato", agrega.

Por sua vez, a SuperVia corrobora que o confronto ocorreu na estação na área de Madureira e reforça que "a segurança pública no sistema ferroviário é uma atribuição do Poder Público, como o GPFer, conforme estabelece a legislação e o contrato de concessão". A empresa é responsável pela operação de cinco ramais, que funcionam diariamente e se estendem por 104 estações, ao longo de 270 km de trilhos. O pico de 735 mil passageiros foi alcançado em 17/08/2016, porém, atualmente, esse contingente é de cerca de 350 mil usuários diários.

Também procuramos o Flamengo, mas ainda não obtivemos retorno, e a Torcida Jovem do Flamengo, a cujos membros do braço Zona Norte está sendo atribuida a agressão, que não confirma participação no ato. "O Grêmio Recreativo Cultural Torcida Jovem do Flamengo é contrário a qualquer tipo de ataque ao torcedor comum", pontua.

"Quando a gente foi na delegacia, em Marechal Hermes, o delegado falou que não poderia fazer nada pela gente. A gente acabou desistindo, ele falou que é um caso perdido. Nem o Botafogo entrou em contato com a gente", detalha.

Ouça, no Podcast do Portal Eu, Rio!, o relato do camelô Angelo dos Reis Rangel.


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