Na manhã de hoje (29/7), a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão expedido pela 1ª Vara Criminal Especializada do Rio de Janeiro, em desfavor de um homem, de 51 anos, investigado na Operação FUMUS, deflagrada pela PF do Rio, em 2021, em conjunto com o GAECO/MPRJ. A operação desarticulou uma organização criminosa envolvida na comercialização ilegal de cigarros na cidade.
Os policiais federais da Delegacia de Repressão a Drogas (DRE), com apoio do GAECO/MPRJ, efetuaram a prisão do foragido enquanto ele estava a caminho de um exame médico, no bairro do Leblon, Zona Sul do Rio. Na ocasião, também foi preso um policial militar que atuava como segurança do investigado.
O foragido foi encaminhado ao sistema prisional do Estado, onde permanecerá à disposição da Justiça. Para o PM, foi lavrado termo circunstanciado de ocorrência.
De acordo com a denúncia que deu origem à Operação Fumus, os criminosos obrigam comerciantes de cigarro, que estejam em áreas de influência da organização criminosa, a venderem exclusivamente cigarros da marca repassada por eles, a Club One – C One, da Cia Sulamericana de Tabacos, nas condições por eles impostas e observado o “tabelamento” de preços. Ainda de acordo com a denúncia, os comerciantes vítimas são aqueles de pequeno e médio porte e informais, que não possuem a apoio da estrutura das grandes redes varejistas ou CNPJ.
Estima-se que, apenas no centro de distribuição de Duque de Caxias, nos meses de setembro de 2019 e fevereiro de 2020, o faturamento do bando totalizou o montante de R$ 9,347 milhões, o que dá uma média mensal de R$ 1.558 milhãos. Projetando-se tal média mensal pelo período imputado na denúncia como sendo da prática criminosa (a totalidade do ano de 2019 até a presente data), tem-se que o faturamento criminoso alcançou a cifra de R$ 45 milhões.
A operação Fumus, deflagrada em junho do ano passado, teve como meta cumprir mandados de prisão preventiva contra 40 denunciados pelo GAECO/RJ à Justiça, entre eles seis policiais militares, acusados de integrarem organização criminosa responsável por crimes de extorsão, roubo, lavagem de dinheiro, corrupção, duplicada simulada (artigo 172/CP) e delitos fiscais praticados com a comercialização ilegal de cigarros da marca Club One – C One, da Cia Sulamericana de Tabacos.
A operação também visava cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao grupo, que age na capital fluminense, região metropolitana e em Campos dos Goytacazes. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Capital, a pedido do MPRJ. A operação ainda conta com apoio da Receita Federal, da Corregedoria da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e da Corregedoria da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
A organização criminosa se utiliza de fiscais e seguranças para ameaçarem comerciantes que vendem marcas que não aquelas da quadrilha, bem como aqueles que compram cigarros de pessoas não ligadas ao grupo criminoso e/ou descumprem o “tabelamento” de preços. Aqueles comerciantes que, nas áreas de influência do bando, optam por vender cigarros diversos daqueles comercializados pelos denunciados, têm suas mercadorias “apreendidas”, além de terem sua integridade física ameaçada. Segundo a denúncia, tal “apreensão”, em termos práticos, corresponde a um roubo, pois integrantes do bando subtraem, mediante grave ameaça, os cigarros dos comerciantes.
Outro modo de atuar dos denunciados, característico de suas extorsões, é a realização de parcerias com outras organizações criminosas, sejam elas ligadas ao tráfico de drogas ou a milícia, para se valendo da estrutura de medo e coação que tais grupos exercem em suas áreas de domínio, consigam obrigar os comerciantes daquelas áreas a, apenas, venderem as marcas e cigarros da Banca da Grande Rio, como autointitulam-se os criminosos.
As investigações também revelaram que a Cia Sulamericana de Tabacos S/A, sediada em Caxias, mantém estrita relação com integrantes da quadrilha e emite notas fiscais com informações falsas sobre a venda de cigarros da marca Clube One para as empresas do bando. Tal manobra permite que a organização criminosa possa fixar baixos preços de seus cigarros, além de criar um lastro para que o bando possa lavar dinheiro.
A investigação contou também com o apoio do Grupo de Atuação Especializada de Combate à Sonegação Fiscal e aos Ilícitos contra a Ordem Tributária (GAESF/MPRJ), da Secretaria de Estado de Fazenda do Rio de Janeiro, da ANVISA, da Polícia Rodoviária Federal, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO) e da Secretaria de Estado de Polícia Civil (SEPOL), por meio da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE). Foram utilizadas, ainda, provas obtidas através de acordo de colaboração premiada celebrado com um ex-integrante da organização criminosa.