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Bola nas costas

Justiça acolhe denúncia contra oito pessoas por fraude no Brasileirão Série A

Relatório do MP de Goiás esmiuça 23 fatos criminosos, nas duas principais divisões do futebol nacional e em quatro estaduais


Celular de Romarinho trouxe provas de combinação fraudulenta com Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos. Foto: Ascom MP-GO

O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou 16 pessoas por fraudes visando à manipulação de resultados em 13 partidas de futebol: 8 do Campeonato Brasileiro da Série A de 2022, 1 da Série B de 2022 e 4 de campeonatos estaduais realizados em 2023. Assinada por promotoras e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Promotoria de Combate ao Crime Organizado, a peça é resultado da Operação Penalidade Máxima II e seus desdobramentos, e já foi recebida pelo Poder Judiciário (acesse aqui a denúncia).

No documento, o MPGO esmiúça 23 fatos criminosos ocorridos durante as partidas, nas quais jogadores se comprometeram a cometer faltas para receber cartões e a cometer pênaltis. A organização criminosa visava apostar nos resultados e eventos induzidos e, desta forma, obter elevados ganhos.

A denúncia traz, em mais de 100 páginas, farto material comprobatório, com prints de conversas e transcrições de áudios entre os denunciados, obtidos por meio de autorização judicial.

"Trata-se de atuação especializada visando ao aliciamento e cooptação de atletas profissionais para, mediante contraprestação financeira, assegurar a prática de determinados eventos em partidas oficiais de futebol e, com isso, garantir o êxito em elevadas apostas esportivas feitas pelo grupo criminoso em casas do ramo, como www.bet365.com e www.betano.com. O grupo se vale, ainda, de inúmeras contas de terceiros para aumentar seus lucros, ocultar reais beneficiários e registra a atuação de intermediadores para identificar, fornecer e realizar contatos com jogadores dispostos a praticar as corrupções", descrevem as promotoras e os promotores.

Parte dos jogos e dos elementos da denúncia foram acrescidos durante a fase de análise de provas colhidas e de oitivas (depoimentos) dos denunciados e de testemunhas. Eles são referentes às partidas entre Juventude x Fortaleza e Ceará x Cuiabá.

Tornaram-se réus na ação: Bruno Lopez de Moura (vulgo BL), Ícaro Fernando Calixto dos Santos, Luís Felipe Rodrigues de Castro (vulgo LF), Victor Yamasaki Fernandes (vulgo Vitinho), Zildo Peixoto Neto, Thiago Chambó Andrade, Romário Hugo dos Santos (vulgo Romarinho), William de Oliveira Souza (vulgo Mclaren), Eduardo Gabriel dos Santos Bauermann, Gabriel Ferreira Neris (vulgo Gabriel Tota), Victor Ramos Ferreira, Igor Aquino da Silva (vulgo Igor Cárius), Jonathan Doin (vulgo Paulo Miranda), Pedro Gama dos Santos Júnior, Fernando José da Cunha Neto e Matheus Phillipe Coutinho Gomes.

Confira, em ordem cronológica, a lista das partidas nas quais o grupo criminoso atuou visando induzir eventos fraudulentos:

Algumas partidas seguem em investigação em outro procedimento criminal, Luverdense x Operário de Várzea Grande (MT) e Goiás x Goiânia entre elas.

MPGO pede R$ 2 milhões para reparar dano moral coletivo causado pelos denunciados

O MPGO requereu ainda que seja fixado o valor mínimo de R$ 2 milhões para reparar os danos morais coletivos causados pelos denunciados. O valor deverá ser atribuído globalmente, de forma solidária, a todos os réus, considerando-se os fatos elementos já colhidos ao longo da investigação, bem como aqueles que serão trazidos durante a instrução processual.

O parâmetro utilizado para a definição do valor refere-se a uma das expectativas de lucro do grupo criminoso com a utilização de dezenas de contas que foram empregadas nas apostas manipuladas descritas na denúncia.

MPGO

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