A Associação de pescadores de Tubiacanga decidiu a construção do Pier Maré a Leste, que visa atender mais de cinquenta famílias da região. A estrutura também vai facilitar o embarque e desembarque de pescados, além de contribuir nas atividades de turismo de base comunitária. A inauguração está marcada para o dia 27 de maio, quando se encerram as atividades na região da Comissão de Fortalecimento das Reservas Extrativistas, Povos e Comunidades Tradicionais Costeiras e Marinhas (Confrem Brasil). O projeto da Confrem “Maré a Leste – Sacudindo os Territórios com trocas de saberes, gerando Renda e Sustentabilidade Ambiental em Comunidades Pesqueiras" vem reunindo pescadores e pescadoras para discutir iniciativas que possam contribuir com a manutenção da pesca artesanal, principal fonte de renda das comunidades pesqueiras do estado do Rio de Janeiro.
A prática da pesca artesanal precede a história oficial do Brasil. Trata-se de uma tradição de pescadores e pescadoras que geram renda fazendo o uso sustentável dos rios, dos mares e dos mangues. Isso garante a soberania e a segurança alimentar de diversas comunidades, que são as principais responsáveis pela preservação desses ambientes, uma vez que vivem dos bens comuns gerados nesses territórios.
Apesar da categoria movimentar milhões de reais e ser responsável por 70% do consumo de pescado no Brasil — oferecendo ao mercado uma proteína saudável —, os pescadores ainda enfrentam desafios, como falta de investimento e políticas públicas, e a poluição dos territórios pesqueiros, que impossibilitam a pesca, afetando não só o abastecimento, mas a economia local.
“Os governos privilegiam uma produção que contamina as terras, os rios, levam doenças à população e fazem mal ao meio ambiente. É uma coisa que é difícil para a gente falar de tanto que a gente já sofreu e injustiças que cometem conosco. Fico pensando o porquê de fato isso acontece neste país.” diz Flávio Lontro, coordenador geral da Confrem Brasil, .
A Confrem vem se organizando desde 2007 na luta pelos direitos dos pescadores e pescadoras de todo o Brasil, para manter as atividades de pesca, abastecimento do país e geração de renda local. O projeto “Maré a Leste Sacudindo os Territórios com trocas de saberes, gerando Renda e Sustentabilidade Ambiental em Comunidades Pesqueiras”, desde 2021, desenvolve ações nas comunidades pesqueiras do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de fortalecer a luta dos pecadores na manutenção dos seus territórios.
A organização foi contemplada no edital do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO, o que possibilitou ações como, o fortalecimento das organizações comunitárias e trocas de saberes entre seis regiões pesqueiras situadas na Baía de Guanabara e de Sepetiba: Praias Grande e do Pontal (Arraial do Cabo); Tubiacanga e Pontal do Ipiranga (Bairro de Sepetiba); Itaipu e Lagoa de Itaipu (Niterói); Saracuruna (Duque de Caxias). Esses territórios são constantemente ameaçados por grandes empreendimentos que chegam na região e acabam impactando as atividades pesqueiras dos trabalhadores.
“Só tenho a agradecer a Confrem, só teve melhorias para a gente, participação mais dos grupos, ficamos mais unidos e mais fortes. Foi muito bom participar dos projetos, só tenho a agradecer” – contou Rosana Pimentel, Marisqueira e moradora do Ponta do Ipiranga.
São parceiros do projeto as seguintes instituições: Aremac (Associação Mãe da Reserva Extrativista Marinha de Araial do Cabo), Movimento Baía Viva, Reserva Extrativista Marinha de Itaipu, Subsecretaria da Região Oceânica de Itaipu (Prefeitura de Niterói) e o Solidariedade Técnica – Soltec/UFRJ.
Fonte: Confrem