Paris, cidade que tem a meta de promover os Jogos Olímpicos ‘mais sustentáveis da história’, recebeu, na última semana, uma delegação de representantes do Governo do Estado, da Prefeitura do Rio, Comlurb e da Prefeitura de Manaus em uma missão especial, a convite da União Europeia. O objetivo da agenda, que também incluiu representantes das Federações da Indústria (FIRJAN) e do Comércio (Fecomercio), UFRJ, BV Rio e Orla Rio, foi apresentar aos brasileiros modernas iniciativas focadas na ‘transição verde’, incluindo estratégias adotadas pelos dos dois países para eliminação gradual do plástico de uso único e ampliação da recuperação de materiais recicláveis para retorno à indústria.
A missão, organizada pelo Programa Plásticos Circulares nas Américas (CPAP), promoveu a troca de experiências entre Brasil e Europa para o planejamento da agenda de sustentabilidade da economia circular, na capital e no Estado do Rio, apoiando também a agenda do Programa na região amazônica. Durante os encontros os representantes tiveram a oportunidade de conhecer soluções de planejamento urbano, fomento a negócios circulares, e ter conexão com empresas europeias provedoras de soluções e tecnologias, explorando o potencial de cooperação entre o Brasil e os estados membros europeus.
Paris Zero Plástico
No primeiro dia em Paris, a delegação brasileira foi recebida pelo Gerente de Projetos Climáticos, Energéticos e Ambientais da Prefeitura de Paris, Grégoire Merrheim, e pela coordenadora do programa ‘Zero Plástico em Paris’, Lila Durix, que apresentaram as estratégias da capital francesa para reduzir o uso de plástico de uso único em todas as atividades comerciais, até os Jogos Olímpicos de 2024. Em outro importante encontro com o representante do Departamento de Limpeza Urbana e Saneamento municipal, Matthieu Seignez, foram apresentadas as estratégias logísticas, de infraestrutura e planejamento urbano para tratar adequadamente os resíduos gerados pela população local e cerca de um milhão de turistas que visitam a cidade, a cada mês. O objetivo da cidade, em atendimento às diretrizes do Pacto Verde Europeu, é garantir que o maior número de materiais seja reciclado e retorne à indústria para produção de novos bens, e que, desta forma, seja reduzida a demanda por matérias primas virgens, reduzindo a pressão sobre os recursos naturais.
Ainda na França, na cidade de Lyon, a comitiva brasileira visitou a Pollutec, feira internacional sustentável, onde puderam conhecer de perto tecnologias e processos inovadores e trocar conhecimento e visão de negócios com empresas europeias que atuam dentro dos mais altos padrões ESG do mundo. A visita à feira incluiu a participação no painel promovido pela Apex Brasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, que atua para promover produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair parceiros estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. A roda de conversas abordou os desafios para atração de novos investimentos “verdes” para o país e teve a participação do Governo do estado do Rio de Janeiro e da Orla Rio.
“Foi uma experiência incrível discutir as estratégias de economia circular e de plásticos com duas capitais que são referências mundiais. A 'Paris Zero Plástico', por exemplo, está implementando conceitos chaves para o setor de bens e serviços, com um olhar para o consumo, oferta e posicionamento sustentável”, observou Tathiana Colturato, coordenadora do Programa Plásticos Circulares nas Américas (CPAP), da União Europeia.
Economia circular e gestão de resíduos em Copenhagen
Já em Copenhagen, a delegação brasileira foi recebida pelo State of Green, iniciativa público-privada, entre o Governo dinamarquês e as três principais associações empresariais do país, a Confederação da Indústria Dinamarquesa, a organização dinamarquesa de energia, Green Power Denmark e o Conselho Dinamarquês da Agricultura e Alimentação. Na recepção, a comitiva pode conhecer mais sobre a atuação do país no marco da regulação europeia, em uma troca com Lars Fogh Mortensen, especialista em Economia Circular da Agência Ambiental Europeia (EEA), e Sidsel Bjøl chefe do Gabinete de Economia Circular do Ministério do Ambiente da Dinamarca.
Os negócios circulares também estiveram na pauta, o cluster dinamarquês Clean Cluster promoveu uma sessão de matchmaking com empresas dinamarquesas e visitas técnicas em importantes instalações de logística reversa de recicláveis, onde os participantes puderam acompanhar e entender os detalhes das operações.
“Nosso objetivo foi demonstrar as soluções inovadoras que estamos desenvolvendo em Copenhagem e na Dinamarca. O país tem buscado apoiar o setor privado a investir na transição verde, desde a produção até a reciclagem, completando a cadeia de valor dos produtos com eficiência máxima no uso dos recursos. Do ponto de vista da gestão pública, o foco tem sido garantir um marco legal que favoreça mercado sustentáveis e viáveis, em sintonia ao Pacto Verde e Plano de Ação de Economia Circular Europeu", pontuou Henrik Jensen, CEO da Clean Cluster.