De acordo com o laboratório de dados sobre violência, do aplicativo Fogo Cruzado, apenas em março de 2019, a região metropolitana do Rio de Janeiro contabilizou 772 tiroteios. Este índice corresponde a uma média de 24 registros por dia. Ainda segundo a plataforma, em janeiro deste ano, foram 678 tiroteios e uma média de 22 ocorrências diárias. Um número que apresenta uma redução de 2% em relação ao mesmo período de 2018, com 690 casos.
Já em fevereiro de 2019, o app mapeou 662 trocas de tiro e uma média de 24 notificações por dia. Além disso, houve um aumento de 267% no número de casos com três ou mais civis mortos. O Fogo Cruzado também revelou que foram 11 casos com 47 óbitos. Somente em uma operação realizada na comunidade do Fallet/Fogueteiro, no Centro do Rio, 13 pessoas foram assassinadas. Desse modo, até o momento, o município do Rio atingiu a impressionante marca de 2.105 conflitos armados.
Para o professor José Ricardo Bandeira, especialista em Segurança Pública e Presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, a redução de dois por cento no início de 2019, se deu devido à troca de governo e ao período em que alguns batalhões ainda aguardavam as mudanças de comando, o que provocou por alguns dias uma sensação de inércia.
"A partir de fevereiro, o que se viu foi um aumento no enfrentamento policial. Afinal, isso já era de se esperar, pois foi promessa de campanha do governador que prega ações mais agressivas da polícia levando a efeitos colaterais como morte de policiais, morte de vítimas inocentes e o aumento no abate de criminosos", afirmou o professor.
Ele ainda aponta que, mais uma vez, o governo do Rio de Janeiro optou por políticas de ações policiais para enfrentar o crime em detrimento de outras medidas que poderiam ser implantadas com mais eficiência e melhores resultados.
"Vale lembrar que, há décadas, o Rio de Janeiro trata a violência e a criminalidade como um problema de polícia, abrindo mão de políticas públicas e do investimento em tecnologia de inteligência e investigação", lamentou o especialista.
Sobre esta escolha, José Ferreira diz que o estado prefere ações reativas de resultado imediato porque não tem coragem de mudar toda uma estrutura que existe há muito tempo.
"Mudar a cultura e a política de organizações públicas, principalmente, as policiais e militares é algo difícil. Isso exige investimento, treinamento, sacrifícios e punições intra-muros, além do reconhecimento de erros quase seculares", destacou.