Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

Caça ao Jabuti

Governo Lula pede e Pacheco adia votação da Mobilidade Verde, incentivo a veículos menos poluentes

Relator Ropdrigo Cunha, senador aliado de Lira, contraria padrinho e retira do texto taxação de importações até US$ 50


Senador Rodrigo Cunha, relator, informou que sem acordo entre os líderes para a retirada da taxação de blusinhas e bugigangas do texto, projeto da Mobilidade Verde teve votação adiada. Foto: Agência S
A pedido do líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), o Plenário só deverá votar nesta quarta-feira (5) o projeto (PL 914/2024) que trata da criação do Programa Mobilidade Verde - Mover - com incentivos fiscais para as montadores que investirem em pesquisa e desenvolvimento de veículos menos poluentes.
O relator Rodrigo Cunha (Podemos-AL) retirou diversos artigos aprovados pelos deputados que, segundo ele, não têm relação com o Mover. Entre eles, está o que taxa em 20% as compras de até US$ 50 feitas em sites internacionais. Ele argumentou que esse tema deve ser debatido em outro projeto ao destacar a relevância do Mover para a redução dos gases do efeito estufa e de tragédias climáticas.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a decisão sobre a taxação das compras estrangeiras será do Plenário. Mas ponderou que a medida pode ajudar a equiparar os tributos já pagos pela indústria nacional.

A pedido do governo, foi adiada a votação do Projeto de Lei 914/24 que institui o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover). O programa prevê incentivos financeiros para a pesquisa e a produção de veículos menos poluentes. Entre os pontos polêmicos do projeto está a taxação de compras internacionais abaixo de US$ 50, que havia sido incluída pela Câmara e que foi retirada do texto pelo relator, senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL).

As mudanças no projeto foram discutidas em reunião entre os líderes partidários e o relator, após a sessão plenária desta terça-feira (4), mas não houve acordo sobre o texto a ser votado nesta quarta-feira (5).

— Nós vamos suspender a discussão e fazer o adiamento, para amanhã, da apreciação desse item — disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, durante a sessão deliberativa nesta terça-feira.



O relatório ao projeto foi apresentado pelo senador Rodrigo, com várias mudanças em relação ao texto da Câmara. Entre elas estão a retirada da chamada “taxação das blusinhas” e também a exigência do uso de conteúdo local na exploração e no escoamento de petróleo e gás, ambas incluídas durante a tramitação na Câmara. Para ele, o projeto precisa seguir com o Programa Mover, que é o tema original e urgente para o país.

— Eu defendo que esse projeto vá para frente com aquilo que lhe trouxe a vida, que é o Mover. É o que vai colocar o Brasil no tema mais importante, que é o clima — disse o relator, ao lembrar o aumento na recorrência de tragédias climáticas.

O relator também criticou a prática recorrente de evitar mudanças no Senado para que projetos não tenham que voltar à Câmara. Para ele, a Casa revisora precisa ter suas prerrogativas respeitadas.

'É importante o Senado se manifestar quando encontrar algum corpo estranho', afirmou o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL). Ele é relator do projeto sobre mobilidade verde e defende a retirada da emenda que cria uma taxa sobre compras internacionais. A medida foi instituída pela Câmara e estava na pauta do Plenário do Senado nesta terça (4). Como não houve acordo, a análise da proposta foi adiada para quarta (5).

Vetos de Lula são armas do Governo para superar impasse, diz Jaques Wagner

De acordo com o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), já há a proposta para que alguns itens sejam vetados. Assim, o projeto poderia ser aprovado com mais rapidez, sem ter que voltar à Câmara.

— O relatório foi lido agora, praticamente em cima de hora. O relator acaba de retirar mais uma emenda. Não o estou criticando, estou só dizendo que é difícil pegar um tema desse (...). Eu já tenho o compromisso do presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] de veto de uma série de dispositivos que são parte da retirada que o senador Rodrigo Cunha fez — disse o líder do governo ao propor o adiamento.

Para o líder da oposição, senador Rogerio Marinho (PL-RN), a taxação das compras internacionais acabou tomando uma proporção maior que o tema inicial do projeto nas discussões.

— Veja que o carrapato, senhor presidente, tornou-se maior do que o hospedeiro e isso certamente desvirtua o próprio processo legislativo (...). Eu acreditaria até que, se tivéssemos o tempo adequado, deveria tramitar nas comissões temáticas para que nós pudéssemos privilegiar o trabalho legislativo e o próprio processo de discussão, que antecede a preparação do projeto antes que ele venha aqui ao Plenário do Senado — disse o líder oposicionista ao concordar com o adiamento da votação e defender um tempo maior de discussão do texto.

Senadores de Oposição admitem retirada da taxação, mas em projeto específico

O ponto do texto que tem gerado polêmica é a alíquota de 20% para a importação de mercadorias de até US$ 50, incluída pela Câmara e considerada um “jabuti”, tema estranho ao objetivo inicial do texto.

Em agosto de 2023, no âmbito do programa Remessa Conforme, o governo federal isentou essas compras do Imposto de Importação, de 60%. Atualmente, no caso das empresas que aderiram ao programa, como Amazon, Shein e Shopee, os compradores pagam apenas 17% de ICMS estadual.

Ao concordar com a retirada dessa parte do texto, o senador Omar Aziz (PSD-AM) disse que a taxação de 20% ainda seria insuficiente para proteger a indústria nacional.

— A gente tem que fazer número, cálculo, para saber realmente quem tem razão ou não. Enquanto você compra uma capa de celular no Brasil por R$100 ou por R$ 80, você está importando a R$ 10. Você taxa com mais 20% e vai ver que não vai chegar nunca aos R$ 80. É o produto que nós temos, o que é produzido no Brasil — exemplificou o senador.

O líder do PL, senador Carlos Portinho (RJ) também concordou com a retirada da taxação do texto. Para ele, a discussão é pertinente, mas não no meio de um projeto sobre veículos menos poluentes. Ele defendeu emenda do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para que produtos nacionais também tenham alíquotas reduzidas e não paguem mais do que 20% de tributos.

— Um boné, hoje, paga 35% de IPI e de PIS e Cofins. Se o governo taxa em 20% o boné da China, ele não está ajudando a empresa nacional. Pode estar aumentando a sua arrecadação, mas não está ajudando a empresa nacional — apontou Portinho, explicando que só ajudaria se a tributação equiparasse as condições de concorrência entre os produtos, os estrangeiros e os nacionais.

Sem regra tarifária consistente, Brasil perde indústrias locais e R$ 35 bi em impostos

Para os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Rogério Carvalho (PT-SE), a falta de uma política tarifária consistente é uma das principais causas da desindustrialização do país.

— Nós precisamos voltar a discutir isso. Qual é a política tarifária que nós vamos aplicar para produtos externos? Qual é a política de reciprocidade que nós vamos adotar para quem estabelece tarifas abusivas para impedir a entrada dos nossos produtos no mercado externo? Nenhum país pode estar aberto a tudo — disse Rogério.

Seif acrescentou que as plataformas internacionais vendem não só roupas, mas produtos como eletrônicos, medicamentos e vitaminas, que não passam pelas agências reguladoras.

— Estima-se que, desde outubro, as asiáticas faturaram R$50 bilhões com o e-commerce para o Brasil. Quantos empregos geraram aqui? Quanto de matéria-prima compraram de nós? Quanto de imposto (imposto esse que paga nossos salários)? Com a Remessa Conforme, esses R$50 bilhões de faturamento representaram R$35 bilhões de impostos elididos — estimou.



Agência Senado, Rádio Senado e TV Senado

Plenário do Senado Senador Rodrigo Cunha Senador Rodrigo Pacheco Senador Jaques Wagner Senador Rogério Marinho Senador Omar Aziz Senador Carlos Portinho Senador Flávio Bolsonaro Senador Jorge Seif Senador Rogério Carvalho China Empresas Processo Legislativo Tributação União

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!