Poucos filmes trazem um início de forma tão impactante quanto esse em questão. Para começar, é preciso dizer o tamanho da coragem da diretora em usar uma cena de abertura que, por quatro minutos, mergulhamos (literalmente) com a personagem. O documentário “De Tirar o Fôlego” (“The Deepest Breath”) vai falar sobre a prática do Mergulho Livre (o “freediving”) em apneia, mais especificamente sobre a atleta italiana Alessia Zecchini e seu instrutor de segurança, Stephen Keenan.
A cena de abertura comentada acima é um choque, preciso dizer. Mesmo que o título já antecipe bem o que iremos acompanhar na narrativa, é muito difícil não ficar tenso, e se pegar até mesmo prendendo o ar, ao acompanhar a mergulhadora sem ajuda de nenhum equipamento, indo cada vez mais fundo no oceano. A escolha da diretora em apostar nessa cena já merece aplausos, pois é um grande risco: o público vai comprar a ideia ou vai abandonar? Para mim, super funcionou. O suspense já criado nessa sequência conquistou toda minha atenção (e ar dos pulmões) me convencendo a continuar para conhecer a história.
Foi o momento de também de começar a entender o que é essa prática de mergulho livre, que é muito bem apresentado e incluído de forma fluída na narrativa. Diga-se de passagem, uma prática que nem mesmo “desafio” é capaz de caracterizar. Com somente o ar dos pulmões e uma máscara de mergulho, esses atletas nadam até profundezas ou por longas distâncias em mares, piscinas e lagos. Durante o filme, entendemos que há uma preferência dos atletas por praticar no mar, inclusive há grande competições na categoria, que começou em 1996. E assim vamos sendo apresentados aos personagens que circundam, ou circundaram, a vida de Alessia Zecchini.
O documentário teve sua estreia em janeiro no Festival de Sundance e, desde então, tem conquistado um bom resultado com a crítica especializada, como por exemplo no Rotten Tomatoes e comentários do tipo “um documentário convincente que pode parecer um thriller, The Deepest Breath une a tragédia da vida real com imagens impressionantes das profundezas do oceano”.
Não há como não dizer que o suspense é um gênero desse filme, que, vale ressaltar, se constrói de forma tão eficiente quanto muitas ficções. O roteiro e direção de Laura McGann merecem todos os aplausos por construir uma relação muito rápida e impactante com o espectador através de uma captação incrível de imagens, a criação de vínculos dos personagens e um ritmo que não se perde, sem tempo para respirarmos.
Aconselho a não ler nada sobre o filme antes de dar play, nem mesmo sobre os entrevistados ou esporte. Depois você vai me agradecer porque o tão venerado plot-twist merece ser vivenciado em sua totalidade. O documentário é uma produção da A24, está disponível na Netflix e vale cada minuto.