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Desigualdade social

Segundo FGV, renda dos mais pobres foi a que mais reduziu na pandemia

Pesquisa utilizou como indicadores Bem Estar, Felicidade e Emoções Cotidianas


Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A pandemia do Covid-19 atingiu em cheio toda a sociedade brasileira, não apenas fazendo quase 500 mil mortos, como aprofundou a desigualdade social no país. Para os mais pobres, foi ainda mais devastadora no bolso. É o que aponta pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas este mês, utilizando como indicadores Bem Estar, Felicidade e Emoções Cotidianas.

Segundo o estudo, no primeiro trimestre de 2020 a renda média alcançou o maior ponto da série R$ 1.122 e em menos de um ano cai 11,3% e vai para o ponto mais baixo da série histórica de R$ 995, primeira vez abaixo de um mil reais mensais. A queda foi de 11,3%.

Primeiramente, a FGV integrou a evolução da média e a desigualdade como componentes da medição do bem-estar geral da nação. O bem-estar trabalhista estava em empate técnico do nível em 2020T1 com o do início da série histórica em 2012, ou seja não houve progresso social líquido nesta década. No ano seguinte da pandemia o bem estar cai 19,4%, que representa o novo piso da série. A média das rendas individuais do trabalho na população de idade incluindo os sem trabalho caiu 10,89% na pandemia, a queda de renda da metade mais pobre foi 20.81% queda quase duas vezes maior que a da média.

No indicador Felicidade, o estudo deu nota de avaliação de satisfação com a vida numa escala 0 a 10. O Brasil tem uma queda de 0,4 pontos em 2020, chegando a 6,1 o menor ponto da série histórica desde 2006. A queda da felicidade se dá nos 40% mais pobres (-0,8%) e no grupo do meio (-0.2) situados entre 40% a 60% da renda. Já os grupos mais abastados mantiveram a satisfação com a vida. Ou seja, há aumento da desigualdade de felicidade na pandemia. A diferença de satisfação com a vida entre os extremos de renda que era de 7,9% em 2019 sobe para 25,5%.

A pesquisa ainda usou como quase experimento a comparação do Brasil com 40 outros países pesquisados que cobrem da Áustria, passando pela China e chegando a Zimbawe. A nota média de satisfação da vida presente do brasileiro, caiu de 6,5 em 2019 para 6,1 em 2020. No resto do mundo a nota tinha ficado parada durante a pandemia em torno de 6,0. Ou seja, há marcada perda relativa de felicidade no Brasil durante a pandemia.

No indicador Emoções levantado pelo estudo, o brasileiro ficou mais raivoso. A sensação de raiva sobe de 19% em 2019 para 24% em 2020 dos brasileiros, uma mudança de 5 pontos de porcentagem. No mundo este avanço foi de 0,8% pontos percentuais. Ou seja, a raiva aumenta 4,2 pontos percentuais a mais no Brasil durante a pandemia que no resto do mundo. Similarmente: preocupação, stress e tristeza sobem, respectivamente 3,6, 2,9 e 2,2 pontos percentuais a mais no Brasil do que no resto do mundo. Todos indicadores subjetivos de bem estar considerados pioraram mais no Brasil na pandemia que a média dos 40 demais países.

Em geral, indicadores objetivos e subjetivos mostram na pandemia piora das desigualdades dentro do Brasil e uma perda maior gerada para o país do que para o conjunto de 40 nações.


Marcelo Néri, economista da FGV. Foto: Divulgação

Segundo o economista Marcelo Néri, da FGV, no estado do Rio, os resultados foram ainda piores, em termos de ocupação no mercado de trabalho. Apresentou a maior queda, entre todas as 27 unidades da federação, de 14,28% entre o último trimestre de 2019 (de 44,2%) ao último trimestre de 2020, para 37,89%. No estado é onde os ainda ocupados foram mais afetados em termos de local de trabalho (19,55% dos ainda ocupados mudaram). “Ou seja, os fluminenses perderam mais postos de trabalho e dos que continuam trabalhando mudou mais local de trabalho”, observa o economista.


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