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Grupo Arco-Íris interpelou

Entidade ajuíza ação contra Flamengo pela ausência do camisa 24 na Copa SP de Juniores

Time carioca participará do campeonato em janeiro do ano que vem


Fotos: Divulgação Flamengo

O Grupo Arco-Íris decidiu interpelar judicialmente o Flamengo pela ausência de jogador de camisa 24 para a Copa São Paulo de Futebol Júnior 2022. A ação foi protocolizada na última terça-feira (21), na 25ª Vara Cível do Rio de Janeiro, sob o número 0322558-50.2021.8.19.0001.

A entidade LGBTI+ indagou o clube carioca se existe algum tipo de recomendação por parte da Federação Paulista de Futebol – organizadora do campeonato –, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) ou da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) para a exclusão do número 24.

A série de competições reunirá adolescentes e jovens de vários clubes brasileiros e está prevista para ocorrer entre os próximos dias 2 a 11 de janeiro, em São Paulo.

No documento, o Grupo Arco-Íris ressaltou as elevadas e tristes estatísticas de crimes homofobia ocorridos no Brasil nos últimos anos. Como é de conhecimento público, o número 24 é associado pejorativamente ao “veado”, animal do Jogo do Bicho, uma contravenção penal no Brasil.

“O Flamengo, como um dos maiores times do país, deveria ter uma responsabilidade social na luta contra a homofobia e agir de forma menos machista ou preconceituosa. Deveria usar do potencial de alcançar os mais diversos públicos, homens e mulheres, ricos e pobres, adultos e jovens, para tentar fazer a diferença fora do campo. Nem toda homofobia é explícita. Muitas vezes, está implícita e disfarçada. A imagem que fica marcada não é a de um eventual dirigente ou atleta supostamente homofóbico, mas a de um clube. O Grupo Arco-Íris, mais uma vez, cumpre seu papel institucional e constitucional de provocar esse debate público em defesa da cidadania”, destacou Cláudio Nascimento, coordenador do Grupo Arco-Íris.

“O Flamengo decidiu seguir o mesmo caminho que a CBF, que excluiu o camisa 24 durante a Copa América no Brasil este ano. Com essa postura, ambos reforçam para a prática discriminatória que existe no futebol brasileiro. Não basta fazer posts nas redes sociais exaltando a diversidade e o respeito, é preciso colocar em prática com ações concretas. A depender da resposta do clube, vamos reportar o caso à Comissão de Ética da Fifa, assim como o fizemos em relação à Seleção Brasileira. Além do mais, não se trata apenas de um campeonato esportivo, e sim de uma série de competições para adolescentes e jovens. Que coisas ensinaremos a essa juventude se o preconceito continuar enraizado no futebol?”, enfatizou Carlos Nicodemos, do escritório Nicodemos & Nederstigt Advogados Associados, que assessora juridicamente o Grupo Arco-Íris.

O Flamengo ressaltou que também não relacionou nenhum atleta para vestir a camisa 12. Há, porém, um entendimento no clube de que o número é reservado à torcida, não podendo ser usado por jogadores.

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