Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

Crescente fértil

Itamaraty pede trégua aos Estados Unidos para comprar fertilizante no Irã

Com agravamento das sanções à Rússia, hoje 30% da oferta ao País, governo busca opções para agronegócio


Convidado por Kátia Abreu, chanceler Carlos França explicou na Comissão de Relações Exteriores do Senado busca de opções para importação de fertilizante. Foto: Agência Senado

O Itamaraty continua negociando com o chefe do Departamento de Estado dos EUA, Anthony Blinken, uma trégua que permita a compra, por parte de empresas brasileiras, de fertilizantes do Irã. Essas negociações são necessárias porque os EUA impuseram sanções contra o Irã, e por isso as empresas brasileiras não se sentem seguras para adquirir fertilizantes iranianos — negócios com o Irã podem levar a punições por parte dos EUA a qualquer empresa que negocie uma série de produtos com essa nação asiática. Foi o que informou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado nesta quarta-feira (6).

O acesso aos fertilizantes iranianos pode ser uma via para que o Brasil não dependa do fornecimento de fertilizantes da Rússia, país responsável por quase um terço das importações brasileiras desse insumo. Isso porque a guerra da Rússia contra a Ucrânia limitou essas importações e o país governado por Vladimir Putin passou a sofrer sanções do Ocidente. Por outro lado, conforme ressaltou Carlos França, o Irã possui um grande estoque de fertilizantes e tem a intenção de vender esse insumo para o Brasil.

— No Irã há um grande excedente de fertilizantes, mas os importadores brasileiros têm dificuldades para negociar. Na prática, o que fazemos com o Irã é um escambo, porque depositamos os recursos numa conta no Brasil, que é usada pelo Irã na compra de insumos médicos e alimentos. Por isso negocio com os Estados Unidos uma trégua temporária nesse embargo, para que empresas brasileiras possam negociar com o Irã sem sofrer represálias dos Estados Unidos. Os fertilizantes iranianos inclusive facilitam às empresas brasileiras atender melhor os mercados europeus e o dos próprios Estados Unidos. Vocês se lembram que há alguns anos até a Petrobras temeu abastecer um cargueiro iraniano atracado em Santa Catarina devido à possibilidade de represálias norte-americanas — disse o chanceler.

Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Senado sobre as iniciativas do Itamaraty para buscar garantir, via diplomacia, o fertilizante necessário para o crescimento da produção agrícola brasileira.

A presidente da CRE, senador Kátia Abreu (PP-TO), disse que é "um absurdo" o Brasil, nas condições que possui, ter dependência externa de fertilizantes.

— É impressionante a hipocrisia aqui em torno dos fertilizantes. Temos água, solo, temperatura e tecnologia de ponta, mas não podemos produzir fertilizantes. Impomos uma insegurança alimentar monstruosa a nós mesmos ao não termos o principal insumo, que é jogar tudo na terra com a tecnologia que possuímos, mas sem fertilizantes. O ambientalismo é chave para o Brasil, mas desconsiderar a autonomia nos fertilizantes é complicado. Sem comida não se vive, não podemos fingir que nada está ocorrendo — protestou a senadora.

Por iniciativa de Kátia Abreu, a CRE realizará uma audiência pública em breve sobre a questão dos fertilizantes, buscando reunir representantes do governo e da sociedade civil. Ao responder à senadora, Carlos França destacou que, além de abrir a janela de negociações com o Irã, o Brasil também vem negociando a compra de excedentes de fertilizantes do Canadá, da Nigéria e do Marrocos.

Relações com a Venezuela

Durante a audiência na CRE, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) pediu ao Itamaraty a normalização das relações com a Venezuela. Ele disse que seu estado, Roraima, historicamente possui relações comerciais sólidas com a nação vizinha. Mas essas relações foram prejudicadas nos últimos anos, já que o Brasil não reconhece a reeleição de Nicolas Maduro como presidente daquele país. De acordo com o senador, hoje a embaixada brasileira em Caracas "na prática não funciona; precisa ser reaberta". Chico Rodrigues afirmou que até mesmo os EUA estudam voltar a permitir a compra de petróleo venezuelano, enquanto o Brasil não sinaliza flexibilizar sua posição.

Em sua resposta, Carlos França também mencionou uma possível flexibilização por parte dos EUA. Mas o Brasil continua impondo condições para normalizar suas relações com a Venezuela.

— Podemos repensar a normalização diplomática também. Mas o governo Maduro precisa sinalizar que lá haverá liberdade de imprensa, que os presos políticos serão libertados e que a Venezuela voltará a ser uma democracia. Sem isso, fica muito complicado — declarou o chanceler.




Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Agricultura Comissão de Relações Exteriores CRE Estados Unidos Importações Itamaraty Rússia Senadora Kátia Abreu Senador Chico Rodrigues Ucrânia Venezuela

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!